É necessário ir à Nova York ou Paris para ser feliz, ou basta conseguir levantar, arrumar seus lençóis e ir trabalhar?
Pequenas felicidades certas é para quem está atento às coisas simples que vivem silenciosamente perto da gente; que não fazem alarde e não custam caro.
Por exemplo: o cheiro de um bolo saindo do forno, testemunhar os primeiros passos de um bebê, ouvir o canto das cigarras ao cair da tarde e tantas outras coisas simples que podem nos fazer felizes.
Porém, nem sempre conseguimos perceber que nessas amenidades há felicidade. Acreditamos em que somente uma grande aventura, ou possuir algo muito caro, ou quem sabe num futuro distante é que está o achadouro da felicidade…
Cecília Meireles dizia, poeticamente, que as felicidades certas estão diante de nossas janelas, todavia é preciso saber olhar para encontrá-las.
No entanto, como é difícil… A comparação frequente com o outro, a inveja, os desejos insaciáveis, medos, inquietações do cotidiano são ingredientes que nos cegam e nos tornam cada vez mais insensíveis, deixando um rastro de descontentamento generalizado em todos e em tudo.
Peninha, por meio de sua música, Casinha branca, expressa o que nos faz realmente felizes e, ao ouvi-la, há um misto de alegria e tristeza, pois traduz sentimentos profundos além de expressar o estrago desse viver tão equivocado. Ele inicia retratando nossa alma:
Eu tenho andado tão sozinho,
Ultimamente, que nem vejo à minha frente,
Nada que me dê prazer.
Esse afastamento contínuo e persistente da nossa essência tem suas consequências:
Sinto cada vez mais longe a felicidade,
Vendo em minha mocidade,
Tanto sonho perecer.
Sabemos que pegamos o caminho errado; temos consciência de que nos afastamos do que é bom e do que precisamos, mas a força do consumismo é muito forte, não conseguimos ter coragem para romper com todos os grilhões e ai…
Eu queria ter na vida,
Simplesmente,
Um lugar de mato verde
Para plantar e para colher.
Ter uma casinha branca de varanda,
Um quintal e uma janela
Para ver o sol nascer.
Não é isso que desejamos no mais profundo de nosso ser: Viver mais simplesmente? Porém a incerteza de um futuro seguro para nós e nossos filhos, nos conduz para a direção oposta.
Tomamos um caminho que não tem fim, que cada vez fica mais árduo, complexo, dificultoso, triste…
Às vezes, saio a caminhar
Pela cidade
À procura de amizades,
Vou seguindo a multidão
Mas eu me retraio olhando
Em cada rosto
Cada um tem seu mistério
Seu sofrer, sua ilusão.
Vamos seguindo a multidão, caminhando sozinhos, trabalhando freneticamente e uma casinha branca de varanda é o nosso impossível chão.