A festa mais contagiante do mundo é nossa

Por Ana Carolina Faria Bortolo

Quando janeiro bate na porta, ele vem com a trupe toda: o verão, o calor, a cerveja gelada, os amigos bronzeados, e o amor do carnaval brasileiro. Os primeiros finais de semana do ano batucam com os bloquinhos que, tímidos, começam a cantar pelas ruas. Parece que o coração já acorda cantando “mãe, eu vou no show do Inimigos, mãe”. É maravilhoso.

Então, as redes sociais começam a confirmar todos os bloquinhos de uma festa que só cresce, que só fica mais bonita. Uma festa que, mesmo com a violência das ruas nas entrelinhas, é só felicidade. Todas as ruas das principais cidades do país são infestadas pela energia dessa festa que pára o país e coloca todo mundo pra fora de casa pra comemorar.

Os rabugentos contra-argumentam: “Comemorar o que se esse país está cada dia pior? Olha a corrupção. Olha os impostos. Olha a taxa de desemprego. O povo deveria estar trabalhando ao invés de sambando por ai”.

Meu caro senhor que não sorri há décadas, abre teu olho! O Brasil é encantado, abençoado, e apaixonado, por causa do seu povo. Povo que ri, que chora, que trabalha, que vê a desigualdade dentro da sua própria casa quando o filho mais novo que estudou quatro anos de biologia ganha cinco vezes menos que o irmão mais velho que se tornou advogado. Povo que paga suas contas com suor e que não tem dinheiro para viajar no feriado mas, com criatividade e um sorrisão no rosto, cria uma fantasia engraçada com a toalha velha da mãe e vai pra rua de chinelo, sem celular, com vinte reais pra poder entrar na vaquinha da catuaba e beber com seus amigos.

A vida é boa, amigos, e o carnaval é a prova viva de que esse Brasil é o centro da energia do mundo! Aqui não tem desastre natural. Aqui não tem mais ditadura. Aqui a água é abundante. Aqui o ar puro ainda resiste em nossas florestas. Aqui nossa comida é fresca, fruto da nossa terra fértil. Aqui nosso artesanato é único, vem do coração da nossa cultura regional. Aqui o sorriso da bahiana encanta o gringo que, pela primeira vez, recebe um abraço sem motivo. Aqui o samba no pé do carioca faz os vizinhos argentinos enrolarem os mulets no dedo e tentarem nos imitar. Aqui, o mutirão de pessoas fantasiadas leva ao delírio o alemão que achava que festa grande era a Oktoberfest.

A vida no Brasil não é fácil. Tem trânsito todo dia, tem conta que não bate no final do mês, tem aquele eletrônico que aqui é bem mais caro do que lá fora e ninguém entende direito o porquê. Mas aqui tem o brasileiro, aquele povo mágico que transforma adversidades em soluções. Pensa bem antes de criticar sua pátria amada, idolatrada, salve, salve. É ela que te acolhe, é nela que você nasceu e pra ela que você poderá voltar durante toda a sua vida. É aqui que, com pouco dinheiro, brasileiros criativos criam soluções globais, como o EBANX que agora domina a América Latina. É aqui que, depois de muitos anos de investigação, começaram a prender alguns dos nomes que já nos enganaram tanto enquanto donos do poder. Demora, às vezes demora muito, mas funciona.

Funciona porque aqui o povo não desiste. Aqui o povo coloca um sorriso no rosto e vai pra luta todos os dias. E, em janeiro e fevereiro, vestimos nossas tiaras de unicórnio, pintamos a cara, tomamos banho de glitter – que fica no corpo até a Copa do Mundo -, homem sai de Branca de Neve, e as mulheres se vestem de sete anões. Aqui é carnaval, o nosso remédio anual para curar qualquer problema e transformar toda dor em amor, toda pobreza em abundância, toda lágrima em sorriso. Aqui é carnaval, é tempo de abraçar quem você não conhece, de trocar olhares sem pudor, de ser amor. É carnaval, é no Brasil. O país abençoado por Deus é bonito por natureza, e a melhor, mais simples, e mais contagiante festa do mundo é nossa! VEM 🙂

Imagem de capa: Filipe Frazao/shutterstock







Turismóloga e Administradora de Novos Negócios por formação. Escritora, pintora e dançarina por vocação. Planejadora de eventos, bartender, agente de viagens e vendedora por profissão. Garçonete de navio por opção. Vi o mundo e voltei, e de todos os rótulos que carrego na bagagem, só um me define bem: sou uma ótima contadora de histórias.