Genny Barbosa Lima é mais uma das muitas vítimas da Covid-19 no Brasil. Ela faleceu no dia 02 de abril deste ano, aos 50 anos de idade. Mas para sua família, que mora em Natal, no Rio Grande do Norte, ela é muito mais do que um número. Seu filho Miguel, de 12 anos, explicitou isso em uma emocionante carta de despedida para a mãe, lida durante o sepultamento dela.
“Mamãe, eu me lembro de cada segundo que passei ao seu lado, sempre enfrentando as dificuldades da vida e superando logo em seguida. Sem dúvidas você foi a pessoa mais forte que eu já conheci, pois com todos os seus problemas você sempre manteve um sorriso no rosto e cuidou de nós como se fôssemos partes de você. Você era uma mulher muito iluminada e continua sendo. Cada momento com você foi um tesouro para mim. Vai ser o maior presente, que eu vou carregar para a vida inteira. Era você que sempre quando eu acordava encantava meu dia com tudo que fazia. Me apoiava em momentos ruins, aliviava o meu estresse e ansiedade, era a flor mais linda do meu jardim”, diz a cartade Miguel.
Entrevistado pela revista Crescer, o jornalista Gustavo Mariano, de 58 anos, viúvo de Genny e pai de Miguel, contou que ele foi o primieiro da família a ser testar positivo covid-19, sendo internado em um hospital particular de Natal no dia 9 de março. Três dias depois, Genny e Miguel também foram diagnosticados com a doença, mas a mulher resolveu não contar para o marido por temer que a preocupação fizesse piorar o seu estado de saúde. Genny e Miguel apresentaram sintomas leves e procuraram um médico, que receitou medicamentos para o tratamento. Os dois ficaram isolados, em casa.
No dia 18 de março, o marido teve alta e Genny passou a a sentir um incômodo nas costas, sendo levada novamente ao hospital, onde passou por uma radiografia dos pulmões. De acordo com o exame, a doença não tinha comprometido o órgão. O médico então disse que ela poderia continuar com o tratamento em casa. Genny, que não apresentava comorbidades, precisou voltar ao hospital no dia 20 de março. Ofegante e com a saturação baixa, ela foi encaminhada direto para a UTI.
A mulher teve alta da UTI quatro dias depois e foi transferida para um quarto. Porém, na madrugada do dia 25, Gustavo foi informado por telefone que Genny teve uma piora e precisou voltar para a UTI.
No dia 1º de abril, o hospital solicitou um equipamento chamado “cateter de alto fluxo”. “Como o dia seguinte era feriado e logo depois um fim de semana, tive medo que a operadora de saúde não liberasse o equipamento a tempo, então eu corri para agilizar a liberação e consegui”, contou Gustavo. O marido então mandou uma mensagem para Genny contando que tinha conseguido o equipamento, ao que ela respondeu “sabia que você não iria ficar quieto me vendo sofrer”. “De certa forma, essa mensagem me traz conforto, porque ela sabia que eu estava lutando junto com ela para a sua recuperação”, declarou Gustavo.
Apesar do uso do aparelho, Genny estava com 80% do pulmão esquerdo comprometido e faleceu na madrugada do dia 2 de abril. “Eu trabalhei como assessor de comunicação da Polícia Civil do Rio Grande do Norte durante 24 anos, e confesso que nunca foi tão difícil dar uma notícia como a de dizer ao Miguel que a mãe dele tinha falecido.”
Miguel recebeu a notícia aos poucos, desde a piora, a entubação, até o falecimento. “Faltou chão para ele. Eu já estava sem chão desde que soube da morte de Genny. Ele, sem acreditar, disse que era um erro do hospital, que deveriam ter trocado os nomes e queria a qualquer custo ir até lá”, lembra.
Nodia em que recebeu a notícia, Miguel começou a escrever a carta, em seu celular. Mais tarde, à noite, o texto foi lido no sepultamento da mãe. “Miguel escreve praticamente todos os dias desde que a mãe faleceu. Mas em especial essa carta, estava presente o amor ensinado. Genny era amor em sua maior expressão. Dava amor, e ensinava o amor”, conta.
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Redação Conti Outra, com informações de Revista Crescer.
Foto destacada: Arquivo Pessoal/Gustavo Mariano.
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