No Brasil, a Lei da Palmada está em vigor desde 2014, proibindo qualquer tipo de castigo físico e agressão contra as crianças. Não apenas porque elas são menores que seus agressores – o que já é uma covardia, e nem porque estão aprendendo e têm o direito de errar sem serem punidas fisicamente, também tampouco porque a violência só gera violência, mas também pelos efeitos emocionais em curto e longo prazo. Um novo estudo traz resultados surpreendentes e assustadores sobre o efeito da agressão física sobre crianças, ainda que seja “apenas a palmada”.
O Journal of Family Psychology trouxe o resultado de uma pesquisa da Universidade do Texas e de Michigan – EUA, em que se constatou que crianças que apanham dos pais possuem mais chances de apresentar, na vida adulta, comportamento antissocial e agressivo. A psicóloga Elizabeth Gershoff tem estudado a questão por mais de 20 anos, avaliando o comportamento de crianças que receberam palmadas na infância (não se trata de espancamento, mas da chamada palmada pedagógica) e constatou não haver qualquer relação entre bom caráter ou bom comportamento e a palmada. No entanto, a pesquisadora concluiu que existe uma estreita ligação entre violência contra crianças e isolamento social, comportamento agressivo, além de doenças físicas e mentais na vida adulta.
Anteriormente, um estudo da Universidade de Manitoba, em Winnipeg, no Canadá, ao analisar os dados de saúde pública fornecidos pelo governo de mais de 34 mil adultos entre 2004 e 2005 constatou que aqueles que sofreram algum tipo de agressão na infância, como tapas ou empurrões, tiveram chances aumentadas de desenvolver obesidade, artrite e doenças cardíacas que os outros que não sofreram qualquer tipo de violência.
De maneira geral, os pais sabem quando erraram com seus filhos, quando foram agressivos, ou exageraram na punição. Agressão traz mágoa, tristeza profunda, sensação de injustiça, humilhação e perverte as relações de poder. A criança começa a pensar que quem é maior pode (ou deve) bater no menor quando este fizer algo errado. Afinal, pai faz, filho faz, diz o ditado.
Os pais agressores costumam dizer “eu apanhei e hoje sou uma pessoa de bem”. Se assim fosse, todos os que não apanharam seriam pessoas do mal. Provavelmente a pessoa que diz isso aprendeu que a violência é a maneira de educar. Agora, ela irá repetir o mesmo com os próprios filhos ou qualquer um que esteja “abaixo” dele (ainda que somente em sua mente) na relação de poder, o que inclui o cônjuge ou companheiro. Afinal, a violência é meio educativo em suas mentes. Outros ainda repetem a velha história bíblica da “vara”. (Neste artigo, a questão da vara é abordada). Uma desculpa que não cabe, já que os pastores não usavam a vara para bater nas ovelhas, mas para conduzi-las gentilmente ao redil.
Há muito tempo era considerado normal ter escravos e bater neles. Hoje é considerado absurdo. Certamente chegará o dia em que as pessoas olharão para trás com horror ao saber que crianças eram agredidas fisicamente por aqueles que deveriam protegê-las e zelar por sua integridade física, mental e emocional.
Desenvolvimento de problemas de saúde.
Sensação de injustiça, medo, mágoa e afastamento dos pais.
Eliminação da possibilidade do diálogo.
Percepção pervertida das relações de poder e de limite (quem tem o poder pode agredir, é normal agredir, se eu não consigo o que peço, agrido o outro).
Geração de estresse que provoca angústia, baixa autoestima e depressão.
Dificuldades para obedecer a ordens e perda de referências sobre escolha/consequências.
Sentimentos contraditórios dos filhos em relação aos pais.
Agredir, gera futuros agressores.
Segundo especialistas, a melhor maneira de educar é através do exemplo, do diálogo, da paciência e do limite. Para o psicanalista Francisco Daudt da Veiga: Para aprender, seu filho precisa entender a relação entre o que fez e a consequência. A punição deve acontecer no mesmo momento em que houve o mau comportamento, pois as crianças têm uma visão imediatista: ainda não aprenderam a pensar a longo prazo. […] seu olhar sério e quieto vai ser suficiente para fazê-lo entender que aquilo que ele fez não foi legal. Isso, sim, é educar!
Fonte: Familia.com Via Bem mais Mulher
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