Com eles nos descobrimos fortes, corajosos e também frágeis, sensíveis e patéticos. Por eles nos viramos do avesso e somos capazes de construir, reformar, desmontar e reconstruir o mundo que queremos que os acolha.
Através deles nos enxergamos sem as capas, sem as espadas, sem o aparato de defesa que nos protege das fragilidades. Nos vemos num espelho incrível e mágico, que nos mostra o passar do tempo, as marcas que se instalam, mas também revela o crescimento dos nossos maiores amores, o que compensa e faz valer à pena tudo.
Pela paciência que tantas vezes nos deixou na mão, nos surpreendemos envergonhados. Pelas horas de sono que abrimos mão, nos vemos recompensados. Pelas intermináveis e infinitas explicações, nos pegamos sorrindo, saudosos.
Por todas as lutas, para incentivar e apoiar, pelos gestos exagerados, para garantir segurança e conforto, pelas palmas, assovios e gritinhos, para mostrar o quanto nos enchem de orgulho e alegrias, por cada minuto de descobertas e crescimento, nos achamos por fim realizados.
Esse afetos mais puros e delicados, ainda que cresçam e voem para o mundo e para as suas próprias crias, sempre serão nossas melhores e mais intensas lembranças; sempre serão os espelhos mais fieis da nossa vida, do que ela se transformou e como nos transformou depois de sua chegada.
Os ímpetos deram lugar à cautela, a vaidade se viu obrigada a recuar um bocado, as taças tiraram férias para receber as mamadeiras, as noites ficaram intermináveis, os dias, cheios, as tarefas, sem fim.
Tudo se transformou, literalmente. Inclusive nós, cujos espelhos passaram a refletir imagens mescladas, de um amor que só cresce.
E se ainda houver um sonho a realizar, que seja pela risada de um neto!