Francamente, cá entre nós

“Que Deus me perdoe e minha mãe me entenda” digo às vezes, assim, pra mim mesma, quando ando cansada de “grandes aglomerações”.

Nunca entediada dos meus afetos, da turminha que me acompanha, mas desejando fechar-me em minha casca, meu casulinho particular, onde teço meus pensamentos, amadureço meus sentimentos, jogo fora o que não merece ser reciclado.

Sou de natureza introspectiva e de vez em quando peço perdão por isso. Perdão porque muita gente não entende essa minha mania de ser só eu, eu e minhas caraminholas tão particulares.

Criamos o hábito de nos ferir. Acostumamos com aquilo que faz mal e perdemos tempo com o que não acrescenta.

Vivemos de aparências para que ninguém perceba o quão incomodados estamos. E por que não revelar que preferimos de outro jeito? Por que não dizer “sim” para nossas necessidades de paz, solidão, escolhas? Por que essa mania de se desagradar para agradar?

Como diz o dr. Drauzio Varella: “Se não quiser adoecer, não viva de aparências. Quem esconde a realidade, finge, faz pose, quer sempre dar a impressão de estar bem, quer mostrar-se perfeito, bonzinho, etc, está acumulando toneladas de peso… uma estátua de bronze, mas com pés de barro. Nada pior para a saúde que viver de aparências e fachadas. São pessoas com muito verniz e pouca raiz. Seu destino é a farmácia, o hospital, a dor”

Então francamente, cá entre nós, vamos tirar esse peso dos ombros, da vida.

Você só deve satisfações a quem realmente importa. Aprenda a não expôr suas dores e delícias de graça nem espere entendimento ou retribuição de onde não há.

Seja leve, diminua as poses e agrade sua alma. Selecione seus afetos e não acumule dívidas com seu interior.

Esqueça algumas pessoas. Nem todo mundo merece destaque na sua vida e manter todos por perto despende energia demais.

Não perca tempo tentando entender. Algumas coisas simplesmente não têm explicação.

Ore por aqueles que ama, entregue seus caminhos a Deus e espere que Ele tome conta. Você não tem controle sobre tudo.

E acima de tudo, se vale algum conselho, cuide do que é seu.







Escritora mineira de hábitos simples, é colecionadora de diários, álbuns de fotografia e cartas escritas à mão. Tem memória seletiva, adora dedicatórias em livros, curte marchinhas de carnaval antigas e lamenta não ter tido chance de ir a um show de Renato Russo. Casada há dezessete anos e mãe de um menino que está crescendo rápido demais, Fabíola gosta de café sem açúcar, doce de leite com queijo e livros com frases que merecem ser sublinhadas. “Anos incríveis” está entre suas séries preferidas, e acredita que mais vale uma toalha de mesa repleta de manchas após uma noite feliz do que guardanapos imaculadamente alvejados guardados no fundo de uma gaveta.