Em publicação feita nesta quinta-feira (12), o site Universa destacou a história de uma personagem que certamente não se encontra a cada esquina. Trata-se da irmã Hérika Chaves, de 24 anos, que está na vida religiosa desde os 16 anos. Nascida em Ananindeua, pequeno município do Pará, ela hoje vive em São Paulo e se destaca por sua postura de acolhida à população LGBT.
“O amor de Deus não segrega, o amor de Deus é respeito, é muito maior que qualquer preconceito”, disse a freira.
Irmã Hérika, que há poucos dias visitou o bar Boleia, voltado ao público lésbico, durante uma passagem pelo Rio de Janeiro, contou à publicação que sua história com a comunidade LGBT começou há bastante tempo. Segundo ela, em seu primeiro ano como freira, resolveu conversar com a mãe sobre a sexualidade do irmão, que ela sempre soube que é gay. A mãe afirmou que o irmão negava a sexualidade. “Mãe, ele é gay e deve ter vergonha porque eu sou freira. Diga a ele que eu o amo acima de tudo, ele é meu irmão, e apoie ele”, indicou Hérika à mãe. Com o empurrãozinho, o irmão saiu do armário, com muita acolhida.
“Minha avó, que era mais velha e bastante religiosa, teve muita dificuldade em aceitar. Conversei demais com ela, que, hoje, acolhe os amigos e namorados dele”, cintou irmã Hérika.
Ela também contou que conviveu com gays, lésbicas e pessoas trans desde criança, entretanto, foi o reconceito sofrido pelo irmão que a sensibilizou ainda mais para a causa. Ela se incomodava com os xingamentos ofensivos que usavam contra ele. “Eu pensava em quanta dor tantas pessoas sentiam”, diz ela.
Também em seu primeiro ano de visa religiosa, um outro caso a fez se aproximar ainda mais da população LGBT. “Eu trabalhava com jovens, e havia uma garota que me pediu ajuda porque ainda não havia se assumido para a família. Ela dizia que eles eram muito fechados e sentia medo. Eu não sabia muito bem o que fazer e fiquei pensando em como ajudar”, conta.
Irnã Hérika conta que a jovem recomendou que ela visse a websérie lésbica Esconderijo. “Ela queria que eu visse o dia a dia de lésbicas e a série me ajudou a ter uma visão de dentro da comunidade LGBT”, conta ela. Com isso, a freira conseguiu ajudar a jovem a conversar e ser aceita pela família e começou a seguir a equipe da produção no Instagram.
Alguns anos depois, quando assistia uma live da diretora da série, Gabi Dimello, ela se apresentou como freira e passou a conversar mais com outras mulheres lésbicas. No dia 1º de novembro, em uma visita ao Rio, decidiu visitar o Boleia, da empresária Lela Gomes, com quem havia criado uma aproximação virtual.
“Foi engraçado, porque eu estava de hábito e no dia anterior havia sido Dia das Bruxas, então me perguntaram se eu estava fantasiada. Quando viram que eu era realmente freira, muita gente veio conversar, se abrir, falar da dor de não ser aceita pela família”, conta ela, que passou a noite ali, conversando, ouvindo, trocando mensagens de apoio.
“Muitas pessoas se afastam da religião por conta da resistência por parte de algumas pessoas da igreja. E o amor de Deus não segrega, o amor de Deus é respeito, é muito maior que qualquer preconceito”, afirma ela, que diz que a noite foi inesquecível e que a inspirou a continuar o trabalho -que, garante, não tem nenhuma resistência por parte de membros da igreja.
“Eu recorro à palavra de Deus e à passagem ‘Amai ao próximo como a si mesmo’. Quando todos queriam apedrejar a prostituta, Jesus dava a mão, quando expulsavam o leproso, Jesus trazia de volta. Hoje, essas pessoas são a comunidade LGBT e é preciso lembrar: Deus é amor. Quero ser esse rosto amoroso de Deus. A acolhida e as portas da igreja devem ser abertas a todos, e não a alguns selecionados”, indica.
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Redação Conti Outra, com informações de Universa.
Foto destacada: Arquivo Pessoal.
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