Thor, um gato de sete anos, foi diagnosticado com transtorno de ansiedade após uma série de ataques violentos contra sua tutora, Luciana Nascimento, de 49 anos, e suas duas filhas. A veterinária Alessandra Gonçalves, especializada em felinos, identificou a condição do animal e descartou a eutanásia, sugerida por outros profissionais, optando por um tratamento médico e comportamental.
Thor, que foi adotado com apenas 10 dias de vida, sempre demonstrou um comportamento agressivo, que se intensificou a partir do primeiro ano. O primeiro incidente grave ocorreu durante a Copa do Mundo de 2018, quando o barulho e o número elevado de pessoas na casa desencadearam um ataque feroz. Desde então, Thor protagonizou diversos ataques, tanto a membros da família quanto a visitantes.
Os episódios de agressão incluíram mordidas e arranhões em faxineiras que utilizavam produtos de limpeza com cloro, o que pareceu funcionar como um gatilho para o comportamento agressivo do gato. A tutora, Luciana, parou de usar o produto, mas os ataques continuaram, tornando-se cada vez mais imprevisíveis e repentinos.
O ataque mais recente, que levou à consulta com a veterinária, foi o mais violento. Thor mordeu e arranhou Luciana de maneira tão severa que a casa ficou ensanguentada, e ela quase desmaiou devido à dor intensa. Em outros momentos, o gato agarrava as pernas de Luciana ou de suas filhas e depois fugia rapidamente, deixando a família em constante estado de alerta. Embora a família tenha tentado diversas abordagens para acalmar Thor, incluindo a adoção de uma gata fêmea chamada Nina, nada parecia surtir efeito. Thor passou a machucar Nina, forçando a família a mantê-los separados.
Após o ataque mais recente, a situação se agravou, e a família decidiu confinar Thor no maior quarto da casa, que possui banheiro e sacada. No entanto, ao tentar soltar o gato, ele avançou novamente contra as tutoras, forçando-as a se esconderem em outro cômodo da casa. Com medo de novos ataques, Thor foi levado para a área de serviço, onde permanece isolado, com acesso limitado ao resto da casa. A família continua a alimentá-lo e a cuidar de suas necessidades básicas, mas evita qualquer contato direto com o animal.
Apesar dos repetidos ataques, Luciana garante que nunca maltratou Thor e que seu maior temor é que alguém o machuque. “Mesmo com tudo o que aconteceu, nunca encostamos um dedo nele que não fosse para carinho. Não seríamos capazes de agredi-lo”, afirmou.
A veterinária Alessandra Gonçalves acredita que o comportamento agressivo de Thor pode estar relacionado a um quadro de dor crônica, possivelmente causado pela Cistite Intersticial Felina, também conhecida como Síndrome de Pandora, uma inflamação da bexiga desencadeada por estresse. “A dor crônica pode alterar o humor e causar ansiedade”, explicou Alessandra, reforçando que gatos geralmente não são agressivos por natureza, mas que o comportamento pode ser desencadeado por dor, medo ou ansiedade.
O tratamento de Thor incluirá o uso de medicamentos analgésicos e controlados, além de um “enriquecimento ambiental” para que ele possa exercer comportamentos naturais de um gato, como escalar, arranhar, correr e pular. A veterinária estima que o tratamento completo levará entre seis meses e um ano.
Luciana, que acompanhou o atendimento de Thor, expressou um misto de alívio e preocupação com a situação. “Estou mais aliviada com a visita da doutora Alessandra, mas sei que será um processo lento e caro”, disse. “Quero acreditar que ele pode melhorar e que tudo vai ficar bem.”
Apesar das dificuldades e do medo constante, Luciana e suas filhas continuam a cuidar de Thor, com esperança de que o tratamento traga a paz de volta à família.
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