A gente descobre que cresceu quando na nossa agenda telefônica os nomes mudam de Juju, Alê, e Malu para Juliana Brandão, Alexandre Montenegro, Maria Luiza Pereira.
Quando liga para os pais somente para dizer que “chegou bem”.
Quando lava a louça sem ninguém precisar pedir.
Quando abaixa o som para não incomodar o vizinho e marca um café para prosear ao invés de passar horas a fio ao telefone.
Quando aprende a fazer omelete.
Quando não espera que ninguém faça nada por nós – nem mesmo ovos mexidos.
A gente descobre que cresceu quando vê alguém muito jovem – e muito petulante – cagando regra e pensa: “meu Deus, será que já fui assim”?
Quando abre mão de uma balada chata para passar o fim de semana lendo na cama.
Quando entende que pai e mãe são apenas seres humanos como qualquer outra pessoa.
Quando pede desculpas mesmo sem estar errado; troca uma comédia romântica por um filme clássico, corta o açúcar e o carboidrato depois das dez; deixa de comprar sapatos para pagar as contas.
Quando faz o que acha certo sem esperar nada em retribuição e consegue usar a imaginação para construir pontes e não apenas castelos de areia.
Quando faz o que tem que ser feito. Quando aceita os próprios defeitos.
Mas a gente só cresce, mesmo, quando alcança tudo isso e continua mantendo a meninice dos olhos.