De repente a gente se dá conta de que não queria estar em outro canto do mundo, nenhum outro, senão exatamente onde está.
A gente sabe que existem tantos destinos, novos prazeres, outras companhias. Mas eles esperam. Se não esperarem, não tem problema. A gente não dá a mínima. Nem liga porque, quando sente que está onde quer estar, é como se nada mais existisse.
Nem sempre acontece. Nem sempre essa impressão calma e forte nos dá o ar de sua graça. Mas quando ela vem, dá na gente uma certeza boa: o que temos e onde estamos valem mais do que todo o resto que a vida tem.
Em grupo, em família, em casal ou na mais sincera solidão, não importa. Nessas horas, aqui dentro, a gente sente estar no lugar certo. Aqui, onde estou agora, é tardinha e eu sinto alegria. Não quero a manhã azul na praia mais linda, a companhia da gente amada, não quero a noite de lua sorrindo na praça da infância nem o friozinho e a bebida quente da cidade mais alegre do meu país quando entra o inverno. Não agora. Depois, quem sabe? Neste instante, quero só o que já está aqui, meu aqui e agora, morada tranquila de tudo o que virá.
Nessa hora a gente sente que a felicidade deve ser isso mesmo. Esta impressão humilde e certa de que não troca por nenhum outro o lugar onde está. Sensação honesta de que não há no mundo outro canto como este aqui, onde estamos e onde queremos estar.
Venham, horas vazias, dias cheios, noites de dor. Podem vir! Eu encaro e suporto. É que eu sei onde a minha felicidade mora. A toda hora, em qualquer canto, quando a tristeza que me visita não mais tiver o que me ensinar, eu peço licença, fecho os olhos e vou voando até lá.