Em entrevista à Rádio Pan, o professor Mario Sergio Cortella ao ser perguntado se “Ser chato tá na moda?”, fez a seguinte reflexão:
“De certa maneira, nossa noção de chatice ganhou uma potência que ela não tinha. Você sabe que o Guilherme Figueiredo tem no Brasil um livro clássico chamado:Tratado Geral dos Chatos?, é um livro antigo dos anos de 1960; esse livro ajuda muito a entender o que significa a chatice. Nesse sentido sim, acho que é um pouco da moda as pessoas gostarem de perturbar os outros.
Alguns não conforma em comer, tem que postar o que está comendo; não se conforma em apreciar o sorriso da filha dele sem postar isso também: a ‘humanidade’ tem que ter acesso aquilo. Portanto, nesse sentido a chatice aí é quase que inerente. Eu me lembro de uma frase antiga que a filosofia usa e que é verdadeira: ‘só os antipáticos são sinceros’. Todo mundo que é simpático dissimula. Porque aquele que é excessivamente simpático, ele é chato. É aquele que quer te elogiar, grudar em você. Nessa hora a sinceridade maior vem do antipático.
E de uma maneira geral a chatice passou a ser levada é um valor que é de ser pegajoso, as pessoas se pegam demais, se grudam demais. Eu, por conta até da atividade em palestras e eventos e de ter me tornado eventualmente pop, em algumas situações há pessoas que não se conformam em pedir, por exemplo, uma foto, um autógrafo, elas querem grudar.
Nos últimos anos o três anos, a pergunta mais forte que me fazem é esta: você me dá um abraço? – Eu respondo: – Claro! – Eu acho uma coisa fofa até, mas essa coisa de terapia do abraço não é a minha área específica”. Mario Sergio Cortella – (Transcrição feita pelo Portal Raízes).
Mario Sergio Cortella, nascido em Londrina/PR em 05/03/1954, professor, filósofo e escritor, com Mestrado e Doutorado em Educação, professor-titular da PUC-SP, na qual atuou por 35 anos. É autor de diversos livros nas áreas de educação, filosofia, teologia e motivação e carreira.
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Reprodução: Portal Raízes