Um professor de educação física, identificado como Fernando Sanchez Prado, afirma ter sofrido um prejuízo de R$ 28,6 mil após ter sua conta bancária invadida e esvaziada por criminosos em Santos, no litoral de São Paulo. Segundo relatos feitos por Fernando ao G1 em 14 de setembro, o incidente ocorreu logo após ele atender uma chamada telefônica suspeita. As informações são do g1.
De acordo com a vítima, a Caixa Econômica Federal informou que, devido ao problema ter ocorrido em seu celular, a quantia perdida não poderia ser reembolsada. Procurado para comentar o caso, o banco optou por não se pronunciar, limitando-se a oferecer orientações sobre medidas de segurança que os clientes devem adotar para evitar cair em golpes.
Fernando expressou sua frustração, declarando: “Eu fui lesado e parece que eu que sou o bandido, que estou entrando com uma ação para pegar o dinheiro que era meu. Isso não existe”.
De acordo com o professor de educação física, o incidente ocorreu quando ele se dirigia à academia onde trabalha. Ele recebeu uma ligação alegando ser da Caixa, informando sobre transferências PIX agendadas para terceiros. Desconfiado, Fernando negou a existência dessas transferências e encerrou a ligação. No entanto, a pessoa retornou a chamada e repetiu a mesma mensagem. Desta vez, não conseguiu desligar e, mesmo sem fornecer nenhum dado pessoal, Fernando ficou preocupado e acessou o aplicativo do banco durante a chamada.
“Eu não tinha acesso ao app. Quando a ligação desligou, eu tive acesso e vi que já tinham tirado tudo da minha conta corrente e da poupança. Aí eu fiquei com uma mão na frente e a outra atrás”, relatou. Ele suspeita que os golpistas tenham se passado por funcionários do banco e obtido seus dados por meio do celular.
Mesmo com o prejuízo, Fernando cumpriu seu compromisso de dar aula na academia antes de tomar medidas legais. Ele registrou um boletim de ocorrência online e, no dia seguinte, compareceu a uma agência da Caixa. O professor de Santos alega que todo o dinheiro de sua poupança desapareceu por meio de uma única transferência, enquanto o saldo de sua conta corrente, incluindo o limite do cheque especial, foi transferido por PIX para uma conta desconhecida. “Na mesma hora que o dinheiro entrou, já saiu”, lamentou.
Ele contestou a transação junto ao banco e recebeu uma mensagem de retorno solicitando que fosse presencialmente a uma agência. “Fui no dia seguinte e a agente me informou que a Caixa negou porque foi um problema do meu celular. Como é que é problema do meu celular? Eu sou um cara todo certinho, não clico em nada, em nenhum link estranho”, enfatizou. Apesar de ser cliente do banco por muitos anos, Fernando tentou encerrar a conta após o incidente, mas foi informado de que teria que depositar fundos para fechar a conta, já que o valor também foi retirado do limite do cheque especial.
O professor afirmou que está em contato com advogados e pretende entrar com uma ação judicial para recuperar o montante perdido. Ele expressou sua indignação com a situação, destacando que, ao realizar compras via PIX ou cartão de crédito, os bancos costumam exigir autorização para transações de alto valor, mas, no seu caso, nenhum alerta foi emitido.
Fernando também ressaltou que sempre manteve um padrão de uso semelhante em sua conta bancária, fazendo retiradas em pequenas quantias. Ele questionou a normalidade da situação, considerando sua aposentadoria pela prefeitura e suas atividades como professor em academias particulares.
A Caixa Econômica Federal, em nota, afirmou que informações relacionadas a fraudes e golpes, bem como ações de segurança para investigá-los, são tratadas com sigilo e repassadas apenas às autoridades competentes. O banco reforçou a importância de os clientes utilizarem exclusivamente seus canais oficiais para buscar informações e acessar serviços, além de não compartilharem dados pessoais, usuários ou senhas.
A nota ainda ofereceu dicas adicionais de segurança, como desconfiar de mensagens suspeitas e links, usar navegadores seguros e manter software antivírus atualizado. Em caso de dúvidas, os clientes foram orientados a entrar em contato com as agências ou o serviço Alô CAIXA pelos números 4004 0104 (capitais e regiões metropolitanas) e 0800 104 0104 (demais regiões).
O especialista em segurança digital Francisco das Chagas Ferreira Junior, conhecido como Junior Urban, falou ao G1 sobre como se dão esses golpes financeiros. Ele explicou que é possível acessar remotamente um celular e obter dados da vítima, embora seja uma ação complexa. Segundo Junior, para cair em um golpe semelhante ao relatado, a vítima precisaria interagir com um link ou arquivo suspeito, permitindo que os criminosos clonassem o dispositivo e rastreassem suas atividades, incluindo a digitação de senhas.
Diante dessas informações, a ligação recebida pelo professor poderia ter sido uma manobra para distraí-lo e evitar que notasse as mensagens de alerta habituais após transações bancárias. Por fim, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que a vítima foi orientada sobre o prazo para apresentar uma denúncia criminal e que o caso foi registrado como estelionato pela Delegacia Eletrônica e encaminhado ao 3º DP de Santos.
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Redação Conti Outra, com informações do G1.
Fotos de capa: Arquivo Pessoal e Matheus Tagé/Arquivo A Tribuna Jornal.