Na era dos relacionamentos descartáveis, quem não sente medo de demonstrar afeto, certamente ganha o meu respeito. Mais do que isso, ganha os meus inteiros. A minha intensidade está sempre disponível para essa gente que não faz rodeios, que não esconde ou disfarça a simples vontade de querer desfrutar das ternuras e presenças que posso proporcionar.
É bom demais poder contar com almas transbordantes. Com espíritos que, indo contra todas as regras ultrapassadas de uma geração que nega carinhos, compartilha e entra de cabeça em verdadeiros vínculos de honestidade e moradia. Porque encontrar gente sincera, não só aquece, como também desperta os nossos melhores lados. Para pessoas assim, livres e abertas para aproximações, não existem exageros. Todos os gestos são benditos e saudade alguma precisa de permissão.
E se você me perguntar, mas e quem não consegue agir dessa forma? Que tenha o seu próprio tempo para aprender. Ninguém é obrigado a sentir do mesmo jeito. Mas para quem não sente, um aviso, também não tenho o dever de permanecer. Com o tempo, você passa a absorver certas coisas da vida, e uma delas é a não instituir qualquer contrato emocional com quem se quer estar. Logo, se os afetos não são urgentes em reciprocidade e cumplicidade, saio de fininho ao lado daqueles interessados em viver o contrário. Talvez isso seja o princípio do amor próprio. Talvez possa significar que disposição e comodismo não combinam.
Não gosto de gente que não sabe pra onde vai. Que não se importa com quem dedica, divide e ensina tantas sensações e acolhimentos. Sou mais daquele grupo, daquele chamado de louco e trouxa por depositar mais do que consegue guardar. Faço parte dos que se jogam nos abraços, dos que se perdem nos beijos. Nem se eu pudesse, mudaria. Não mudaria porque gosto do sabor das relações descaradas e que não criam ausências.
A verdade, a única verdade, é que amo gente que não sente medo de demonstrar afeto. Já passei da fase de gostar, me apaixonar e seguir os dramáticos e tediosos roteiros sobre relacionamentos. Quem demonstra afeto, sinceramente, ganha o meu amor logo de cara. E olha, vou te contar, quanto vigor cabe neste amor.
Imagem de capa: Jurij Krupiak, Shutterstock