Gosto de gente que vai lá e faz, em vez de ficar perguntando

Em todas as famílias, nos círculos de amigos, nas salas de aula, nos ambientes de trabalho, sempre haverá aquela pessoa decidida, pronta a ajudar, a tomar decisões, a colocar a mão na massa, como dizem. Aquela pessoa que não se nega a auxiliar e a quem costumamos pedir socorro quando estamos com algum problema a ser resolvido.

Quem está sempre pronto a ajudar nem imagina o quanto é importante na vida daqueles com quem convive, o quanto sua presença traz tranquilidade e segurança. São essenciais na condução harmoniosa das ações que se tomam, pois ponderam, argumentam, convencem do melhor a ser feito de maneira tranquila, sem forçar nada. Transpiram confiança, ou seja, sabemos que tudo há de correr bem quando eles se envolvem.

Por outro lado, muitos indivíduos parecem nunca saber o que fazer, para onde ir, como socorrer ninguém, tampouco a si mesmos. Trata-se de gente que não sai do lugar, que se acomoda e permanece incólume ao que urge à sua volta, temendo qualquer mudança, não fazendo mais do que o necessário, atendendo somente ao que lhe é pedido, esperando que o outro tome as decisões necessárias.

É muito cômodo deixarmos que outra pessoa assuma as responsabilidades sobre as ações a serem tomadas, afinal, caso algo não dê certo, estaremos protegidos. Isso é balela. Não poderemos nos isentar do que nos acontece, seja porque fizemos algo, seja porque deixamos de fazê-lo, seja porque nos omitimos o tempo todo. Ninguém, afinal, aprende e se aprimora enquanto assiste à vida passar na sua frente, como mero espectador.

Por essa razão é que muitos tentarão se aproveitar das pessoas solícitas, para além do necessário, exagerando no tanto que pedem, no tanto que demonstram precisar de ajuda. Caso não se estabeleçam limites nessa relação, muito provavelmente uma das partes ficará esgotada, enquanto a outra se torna cada vez mais folgada. Saber dizer não quando for necessário nos salva de pessoas que tentam se aproveitar de tudo e de todos.

Sempre valerá a pena podermos ajudar, pois assim nos sentimos úteis, necessários, assim fazemos o bem e nos sentimos bem. Mesmo que não recebamos gratidão de alguns pelo caminho, mesmo que tentem se aproveitar de nós, ainda assim estaremos realizados, pois ninguém consegue ser feliz parado, sentado, apenas recebendo, sem doar um nada. Sejamos felizes, então, mesmo cansados, mesmo doídos, apesar de tudo, mas, sobretudo, felizes.







"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.