A sociedade cria leis e rótulos, nem sempre nessa ordem. Decidiu-se que as mulheres brasileiras são, por natureza e herança: sambistas, lindas e vagabundas. Quem criou essa ideia? A mídia, claro, que compartilhou décadas do nosso samba na avenida com tapa sex0 e nosso carnaval de Salvador pura pegação. Mas, deixa eu te contar: nem toda brasileira sabe sambar.
Em pleno 2019, quase com o pé em 2020, temos milhares de brasileiras pelo mundo afora, desbravando novas línguas, culturas e continentes. Estão estudando, trabalhando, recebendo prêmios e nos representando por aí. E temos outras milhares pelo Brasil adentro, empreendendo e impulsionando nosso país da forma como podem. Tem seus negócios, tem suas lutas, tem sua tela de celular que microfona sua voz pro mundo. Não são blogueiras famosas, mas são empoderadas que sabem seu propósito e estão emanando ajuda pro mundo. Vai lá no insta se inspirar com @nuncafizumcanvas @movinggirls e @marianacamar Ah, deixa eu te contar: nem todas elas sabem sambar.
Tem também a dona de casa, nossa rainha-mãe. Cuida da casa, cria os filhos, ajuda o marido, cozinha, lava, passa, limpa e dá cambalhota. No fim do dia, faz uma oração e agradece com gratidão pela vida que, apesar das dificuldades, é simples e cheia de instantes de felicidade. E aí eu consigo te afirmar: provavelmente ela, além de se virar nos 30, também sabe sambar.
Samba no pé, samba na vida, samba bem ligeiro saindo pela porta quando o chefe machista resolve partir pra humilhação. Samba pra chegar no horário, pra ir pra academia todos os dias, pra conseguir a terminar a pós-graduação e finalmente começar o curso de francês. Samba pra deixar a comida feita, a casa arrumada e não perder o trem. Samba porque tem que sambar, meu bem.
Se você parar pra pensar, na verdade me precipitei. Toda brasileira sabe, sim, sambar. Mas não é essa promiscuidade que se mostra no carnaval. É samba na veia que corre pra mexer os pés. É samba que pulsa conforme as batidas do coração pra fazer toda a correria acontecer. É samba com carinho, com jeitinho, com amor. Toda brasileira samba na vida com sorriso no rosto, gingado no corpo e batuque no peito esquerdo. Porque samba é amor, e amor a gente tem de monte!
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