Hey, qual é o seu nome? Por Josie Conti

Por Josie Conti

No início do mês, realizei uma compra através de uma página de vendas da internet. O vendedor era qualificado, porém a descrição do produto não indicava tantos detalhes quanto eu gostaria. Mesmo assim, comprei.
Sempre digo que devemos estar atentos às nossas impressões, mas naquele momento, não dei importância a minha impressão de que faltava algo naquele anúncio ou mesmo que as qualificações que eu li a seu respeito não me foram suficientemente convincentes.
Resultado, recebi um produto na cor vermelha (no anúncio o objeto era preto) e mais, o produto NÃO funcionou.
Fiz várias reclamações que foram respondidas com monossílabos que indicavam que eu poderia trocar ou, como pedi, devolver o produto desde que eu “mudasse a qualificação do vendedor”. Ou seja, para eu desfazer o negócio, teria que dizer que a compra não tinha sido tão ruim quanto realmente foi!
E tem mais, recebi 21 emails me solicitando a troca da qualificação.
Até então, entendo que o vendedor quisesse deixar sua reputação sem máculas e tal, porém nos emails que recebi fui chamada de “Sr. Volpiroli”.
Nesse momento, confirmei o total descrédito do vendedor com a minha pessoa particular uma vez que, além de não entregar um produto de qualidade e na cor anunciada, não preocupou-se em falar comigo e, muito menos, em tratar-me pelo meu nome correto.

E aí chegamos à questão….o quanto o tratamento para com as pessoas que nos cercam, sendo elas conhecidas, transeuntes ou clientes, não revela o nosso real grau de interesse por elas.

O nome é o nosso primeiro sinal de identidade e nos acompanha por toda a vida. Perceba que mesmo históricamente, quando alguém era socialmente menosprezado por sua profissão, por exemplo, uma das primeiras coisas que perdia era o nome. A pessoa era então chamada por sua função. “Chame a empregada” , “Chame o mordomo”, “homem que recolhe o lixo”, “ela é mulher da vida” e assim por diante.

A partir do nome percebemos muitas coisas. Da possível descendência de uma pessoa, sua classe social, origem familiar até a própria árvore genealógica que lhe dá consciência e ideia de pertencência a algo maior.

Outra coisa interessante com relação aos nomes é que eles também conotam significados, transmitem expectativas ou mesmo geram lembranças.
É comum que se espere que um filho que recebe o nome do pai, acrescido de “Júnior” no final, tenha características similares às do pai homenageado.

Muitas vezes não sabemos qual a origem etiológica de nosso nome. Mas, se toda vez que ele é pronunciado imediatamente segue uma piada, isso certamente pode influenciar na personalidade da pessoa, tanto positiva quanto negativamente.

Os nomes influenciam no caráter e na personalidade de uma pessoa e podem ser motivo de orgulho ou vergonha. Portanto, a escolha do nome deve ser bem pensada, para que no futuro não atrapalhe a pessoa na escola, no convívio com os colegas e na vida social.

Vocês se lembram, por exemplo, quando o Ministério da Saúde promoveu uma campanha de carnaval onde o “pênis” foi apelidado de “Bráulio”? Imagino, que pelo contexto, nenhum Bráulio se sentiu lisonjeado.

Então você pode me dizer, Josie, mas eu sou péssimo com nomes…e eu entendo sua dificuldade porque também não sou das melhores em memorização. Entretanto também sou da teoria de que perguntar não é vergonha, a atenção à conversa nos dá dicas cognitivas (e chances) de lembrar e, na pior das hipóteses, ainda podemos recorrer aos pronomes de tratamento como senhor, senhora e, para pessoas mais íntimas, até mesmo um “querida” é aceitável pois demonstra afeto.

Aliás, qual é o seu nome?







JOSIE CONTI é psicóloga com enfoque em psicoterapia online, idealizadora, administradora e responsável editorial do site CONTI outra e de suas redes sociais. Sua empresa ainda faz a gestão de sites como A Soma de Todos os Afetos e Psicologias do Brasil. Contato para Atendimento Psicoterápico Online com Josie Conti pelo WhatsApp: (55) 19 9 9950 6332