Antes de mais nada preciso dizer que este texto é uma reflexão pessoal acerca deste dia, a sexta-feira-santa. Não tenho nenhuma pretensão de convencer quem quer que seja do que eu penso e, menos ainda, tenho intenção de desrespeitar qualquer crença.
Eu nasci em uma família católica. Minha avó materna, vovó Nenê, que morava conosco, era especialmente praticante: rezava o terço todos os dias, lia a Bíblia e praticava de verdade os ensinamentos de Jesus. Foi a Vovó Nenê que me ensinou a oração do anjo da guarda, o pai nosso, a ave maria, o salve rainha, o credo e mais um tanto de pequenas preces a serem ditas antes de dormir, ao acordar, antes de sair de casa… Íamos à missa todos os domingos. Fui batizada, fiz a primeira comunhão, não fui crismada e não sei exatamente o porquê. Por uma questão de não arranjar um mal estar com a minha família e com a família do pai dos meus filhos, que á época também era católica, casamos na igreja e batizamos nossos filhos, Pedro e Sofia. Pedro fez primeira comunhão porque quis. Sofia não fez porque não quis.
Quando eu tinha 14 anos, passei por acaso em frente à Federação Espírita de São Paulo e, movida pela curiosidade e pela beleza de um enorme quadro que ilustrava Jesus irradiando luz de suas mãos, entrei. Perguntei a um senhor que usava um crachá se ali era uma igreja. Ele me explicou que era uma casa de oração, cristã, mas não uma igreja. Eu perguntei por que ali não havia nenhuma cruz, já que era uma casa de oração cristã – e eu confesso que nunca gostei das cruzes; em especial daquelas com uma estátua de Jesus pregada nelas com os pés, mãos, joelhos e tórax vertendo sangue. O senhor me explicou que a doutrina que regia aquela casa de oração, preferia lembrar de Jesus vivo e, não, morto. Achei aquilo tão bonito que perguntei o que deveria fazer para começar a frequentar o lugar. O senhor me deu um folhetinho com os horários de atividades da casa.
Fui a uma reunião, onde leram uns trechos do Evangelho Segundo o Espiritismo, depois a gente podia receber um passe, se quisesse. Eu quis. Fiquei encantada com a simplicidade de tudo, a música suave ao fundo, a mansidão de todas as pessoas que ali trabalhavam, sempre sorrindo com os olhos. Nada de sermão, nada de pecado, nada de penitência, nada de Deus castiga. Deixei de ser católica e virei espírita. Comprei meu primeiro Evangelho Segundo o Espiritismo depois de mais ou menos um mês da minha primeira experiência ali; em uma semana já tinha lido inteiro; comprei o Livro dos Médiuns e O Livro dos Espíritos. Li os dois. Fiz o curso de Juventude Espírita e estudei as obras de Kardec. A descoberta do espiritismo mudou minha relação com o sagrado e com Deus. Alguns anos depois, há exatos 5 anos deixei de frequentar as casas espíritas porque tendo ido com mais frequência e começado a fazer parte dos trabalhos de uma delas, percebi que a maioria das pessoas tem um compromisso muito raso com a principal força da doutrina, que é a reforma íntima: algo como ter um comportamento crístico verdadeiro! Eu mesma, não me sentia capaz de tanto. Como exemplo posso citar a minha capacidade seletiva de perdoar; alguns eu consigo perdoar, outros, não. Ao mesmo tempo, comecei a perceber que havia muita contradição entre o que se professava e o que era evidenciado nos comportamentos. Aos poucos fui deixando de frequentar a casa espírita. Há exatos três anos perdi para o câncer, um menino doce e querido, que eu amava como filho. Nesse dia, algo dentro de mim se rompeu. Minha relação com a espiritualidade foi novamente ressignificada; eu simplesmente não creio na existência de uma divindade. Percebi que a minha crença estava mais pautada no medo e na ideia de recompensa do que em algo que fizesse sentido realmente, que transcendesse. Passei a refletir muito sobre expressões como “foi a vontade de deus”; “se deus quiser”; “deus dá, deus tira”; “está nas mãos de deus”; “é o castigo de deus”, e por aí vai…
Hoje, minha espiritualidade está alicerçada na minha experiência com o que não é tangível, principalmente o amor, a compaixão, a tolerância, a capacidade de sentir a dor do outro, o entendimento de que enquanto teimarmos em acreditar que “eu” é mais importante que “nós”, não haverá paz, equilíbrio ou equidade neste mundo.
Tento, todos os dias me conectar com a energia humana e de todos os seres vivos do planeta, procuro melhorar minhas intenções e meus pensamentos, livrei-me do hábito de reclamar (foi muito difícil, mas é libertador!), venho mudando meus hábitos de consumo, tenho sido incrivelmente mais feliz com menos, faço questão de ser grata, de pedir perdão quando não ajo corretamente e de mudar o comportamento que me fez pedir perdão.
Tenho procurado olhar para o outro além do que parece ser, tenho tentado não julgar (isso é terrivelmente difícil!!!), tenho vigiado meus pensamentos, para que aqueles que são ruins não cheguem a virar sentimentos e, assim, não se transformem em ação. Compreendi que ser manso não significa ser submisso ou alienado. E, sobretudo, tenho sido extremamente rígida comigo mesma para que eu honre com minhas atitudes tudo aquilo que eu propago como imagino ser um comportamento ético e moral.
De acordo com as religiões cristãs, hoje foi o dia em que Jesus foi torturado e morto, brutalmente. Eu tenho uma lembrança melancólica desse dia na infância, porque costumava passar na televisão a história da condenação, crucificação, morte e ressurreição de Jesus. Era para mim o filme mais violento do universo. O pior de tudo é que eu tenho absoluta certeza de que se alguém como Jesus nascesse hoje e tentasse dizer ao mundo tudo o que ele disse, há 100% de chance de que ele teria um final igualmente violento. Para começar, seria chamado de comunista, esquerdopata, maluco. Jesus era a pura encarnação da falta de preconceito; não rejeitava ninguém, não importa o tamanho do erro que tivesse cometido. Foi o homem mais incrível que já pisou nesse planeta, o mais doce, forte, corajoso, gentil e livre. Tenho profunda admiração pela mensagem de Jesus ao mundo. Ao contrário do deus da bíblia, que pune, testa a fé, premia ou castiga, Jesus é aquele que traz nas mãos a única cura possível: O AMOR.
Com absoluta certeza haverá quem diga: “Quanta contradição! Se diz ateia, mas acredita em Jesus?”. Explico: Jesus, para mim foi um menino nascido como cada um de nós, filho de Maria e de José, humilde, pobre, dotado de inteligência emocional inalcançável para qualquer um de nós. Para mim, Jesus é luz no fim do túnel, é minha esperança na bondade do ser humano, na nossa capacidade de transformar comportamentos egoísta.
Jesus, meu lindo, querido e muito amado amigo, onde quer que você esteja, saiba que dói em mim a dor que o fizeram padecer e que você pode sempre contar comigo, assim como eu conto com você, para lembrar de que sou tão falha e que tenho a cada segundo do dia a obrigação de tentar ser um cadinho melhor.
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