“Sabe, homem é tudo igual.” Acho que todos nós já ouvimos isso. Não é segredo algum que as mulheres sempre reclamaram da sensibilidade masculina, quero dizer, da falta de sensibilidade de nós, homens. Outrora, isso não era nem imaginável como discussão, pois “homem que é homem não tem essas frescuras”. Contudo, o mundo mudou, as mulheres ganharam espaço e não admitem esse tipo de pensamento. Sendo assim, vem a pergunta: como os homens têm lidado com a tal da sensibilidade?
Apesar de toda evolução que a sociedade apresenta em relação à emancipação da mulher, sabemos que o machismo ainda existe e muito. Para a visão machista, um homem não pode ser sensível, pelo contrário, deve manter aquela postura inabalável, independentemente do que acontecer. E, como disse, há resquícios dessa visão na sociedade contemporânea.
Dessa forma, ser um homem com sensibilidade torna-se algo extremamente difícil, pois o homem sensível vive sob o jugo de preconceitos, como o de ser “afeminado”, fraco (inclusive no ponto sexual), chorão etc. “Homem tem que ser macho” – dizem, como se qualquer demonstração de fraqueza ou sentimentos deixasse o homem menos “macho”.
Aliás, essa visão machista acaba fazendo mal aos próprios homens, que se veem sobrecarregados com essa pressão de ser um homem bem sucedido, que anda bem vestido, em um bom carro, rodeado de pessoas que o “admiram”, homem culto, com piadas na hora certa, bom de cama e que, em hipótese alguma, é sensível.
No entanto, essas características podem fazer sucesso no barzinho, mas não garantem uma boa relação, pois a falta de sensibilidade implica falta de percepção do que acontece. E, para uma mulher, é horrível falar e não ser entendida. Apesar de todo mistério que as circunda, com um pouco de sensibilidade é, sim, possível entendê-las, ou pelo menos tentar.
Para tanto, é preciso sair da zona de conforto criada pelo machismo que impede os homens de poderem ouvir, de se colocarem no lugar do outro, de terem curiosidade em saber o que agrada a mulher amada, coisas que, no final, tornam o homem mais sensível e, por conseguinte, um amante melhor e muito mais macho.
Não há nada de errado em ser um homem que não tem medo de demonstrar o que sente, de mandar flores, escrever poemas – ainda que sejam do Caio Fernando e você diga que são seus –, pois homem que é macho tem sentimentos e, porque é macho, coloca-os para fora sem medo de ficar prisioneiro deles.
Entretanto, como já dito, não é fácil ser esse homem com sensibilidade, uma vez que os machistas de plantão sempre estão à solta fazendo a sua caça às bruxas.
Além disso, há de se considerar que, apesar da evolução das mulheres, estas ainda sentem dificuldade em lidar com a sensibilidade masculina, posto que o machismo ainda seja muito forte e, indiretamente, influencia toda uma cultura, um estado psicoafetivo, em que a mulher não está acostumada a lidar com a sensibilidade do homem.
Todavia, é insustentável possuir uma relação com as mesmas formas de agir das gerações anteriores, as quais estavam acostumadas a subjugar a mulher. A mulher moderna não aceita isso. Quer um homem que esteja lado a lado, de mãos dadas, e não querendo afundá-la para que possa sobressair.
Sendo assim, faz-se necessário que as mulheres consigam romper as amarras da cultura machista, para que lidem melhor com a sensibilidade masculina. E os homens devem estar dispostos a abrir mão do trono, para que possam ouvir mais as mulheres e, assim, mergulhar no prazeroso mundo dos mistérios da alma feminina.
No fim das contas, ser macho mesmo é ser sensível, pois são apenas estes que têm a coragem para dizer eu te amos sinceros, chorar nos momentos difíceis e não negar o colo da mulher amada quando a estrada parecer sem fim. Pois, como disse um poeta por aí:
Um homem também chora, menina morena. Também deseja colo, palavras amenas. Precisa de carinho. Precisa de ternura. Precisa de um abraço da própria candura.
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