“A mulher, durante séculos, foi sustentada pelo pai ou marido, a quem devia obediência. Afinal, não lhe era permitido ter instrução e foi sempre considerada incompetente e incapaz. A partir dos anos 1960, a mulher começou a se libertar dessa submissão, adquirindo novo status.
Atualmente, muitas dessas mulheres ganham seu próprio dinheiro — às vezes mais que seus maridos ou amigos —, compram o que desejam, viajam para onde querem, escolhem onde morar e, o melhor de tudo, não têm que prestar contas dos seus gastos a ninguém.
A mulher independente é invejada pelas mulheres que, por mais que trabalhem, não garantem seu próprio sustento.
Entretanto, a maioria das pessoas que respondeu à enquete da semana acredita que uma mulher independente assusta o homem. Há quem diga que, além de não estar preparado para abrir mão da superioridade que o papel de provedor lhe confere, poderia se sentir desvalorizado caso a parceira ganhasse mais do que ele.
Mas na realidade não é isso o que acontece. O homem não teme a mulher que tem uma profissão e ganha bastante dinheiro. Muitos temem, sim, a mulher autônoma.
Ser uma mulher independente ou uma mulher autônoma não é a mesma coisa. Mas existe uma confusão a respeito disso.
O que é, afinal, uma mulher autônoma?
Em primeiro lugar, ela olha com novos olhos para o mundo, o amor, o homem, a mulher, sem estar presa aos padrões de comportamento que tanto limitam as pessoas.
Tem coragem de ser ela mesma na sua totalidade, e não renuncia a partes do seu eu tentando corresponder ao que dela se espera. Se sente livre para expressar todos os aspectos de sua personalidade, mesmo os considerados masculinos pela nossa cultura, como força, decisão, ousadia.
Na relação amorosa, não se preocupa em se submeter às exigências sociais do que é aceito ou não para uma mulher, tais como: mulher não deve tomar a inciativa, mulher não pode mostrar que gosta de sexo, mesmo com muito desejo mulher não pode transar no primeiro encontro, mulher precisa ter um homem ao lado para ser valorizada, etc…
A questão é que autonomia não é fácil de ser alcançada. São anos e anos de condicionamento, em que vamos assimilando os valores do lugar em que vivemos, como se fosse nosso idioma natal. Mas hoje, cada vez mais mulheres questionam a suposição da nossa cultura de que a verdadeira felicidade se equipara a estar envolvida com um homem.
Isso já é um bom sinal. Ter ou não um homem ao lado está aos poucos deixando de ser a questão básica da vida. Porém, ainda são poucas as pessoas que realmente buscam autonomia.
É evidente que sem independência financeira não existe autonomia. Mas não basta. Existem mulheres totalmente independentes sem autonomia alguma. Muitas alcançam sucesso profissional, se tornam brilhantes executivas e, no entanto, vivem sonhando em encontrar o príncipe encantado, com a ilusão de que só assim a vida terá sentido.”
Imagem de capa: Mayer George/shutterstock
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