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Humilhação é arma de tolos!

Situações humilhantes nos acontecem e não dependem de nós. A maioria das vezes sequer somos parte presente na coisa toda. O outro faz de um jeito que nos coloca na sinuca, sem defesa, já sem rota de fuga. Que chance teríamos de reação quando o circo já está armado e o vexame é iminente? Fato é que, perante o mundo que assiste, ficamos em posição de desvantagem, de vergonha, humilhação.

Um grito, uma ordem áspera, uma mentira, uma situação pública, uma trapaça, uma traição. E lá estamos nós, tremendamente humilhados, rebaixados à condição forçada de enganados, ultrajados, desamparados.

Mas, pensemos por um segundo. Quem é o humilhado nesse cenário, cara pálida?

Você que estava levando a vida na maior e melhor boa-fé?

Certa vez, escutei de uma pessoa uma frase genial: – Fulano, se tivesse caráter, seria um mau-caráter.

Sempre haverá quem passa a perna e quem é ludibriado. E sempre haverá quem pensa estar em vantagem,  e quem acredita ter perdido o chão, as esperanças, a vontade de sorrir, o caminho de casa…

Quando se leva uma bela rasteira, dói a queda. Mas, embora com dores, roxos e arranhões, levantar é uma certeza e,  para qualquer um de nós, pode ser o despertar, a tomada de consciência de que a dança já estava fora do ritmo, que o par já era ímpar, que pouco ou nada conhecemos do outro.

A queda, afinal, doeu, confundiu, revoltou, mas também  mostrou a realidade, descortinou as dúvidas e tirou o peso de uma ansiedade que não sabia de onde vinha e como crescia tanto. Porque afinal sabemos – e sempre sabemos –  quando algo está para acontecer. Sabemos com quem nos metemos e pagamos para ver. Somos bravos! Somos corajosos! E a vida é para isso mesmo. Encontramos pela vida quem perfuma os nossos caminhos, mas também que joga lixo, lama e outros descartes.

E, apesar do risco, nunca será humilhante se entregar,  tentar mais um pouco, buscar entendimento. Humilhante é a covardia; humilhante é ter a mentira como aliada, o sorriso e a lábia como cúmplices. Humilhado é quem poderia usar de integridade e  sinceridade e mesmo assim não o faz, e que finalmente mostra no que consiste o seu caráter, geralmente, com um fechamento épico.

Costumamos adorar os bandidos, isso é inegável, mas lembremos sempre que um bandido só é charmoso e adorável quando não somos nós as suas próprias vítimas. Sejamos, portanto, mais solidários, pois  não sendo os bandidos, seremos, em algum momento, as vítimas.

Podemos até, por distração ou desânimo, adormecer humilhados, mas, que não dure mais do que mereça, que se esvaneça. Amanheçamos curados, superados e integralmente libertos.

Emilia Freire

Administradora, dona de casa e da própria vida, gateira, escreve com muito prazer e pretende somente se (des)cobrir com palavras. As ditas, as escritas, as cantadas e até as caladas.

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Emilia Freire

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