Imagem de capa: lassedesignen/shutterstock

Com nós, mulheres, que entramos num relacionamento e/ou que temos um filho, pode acontecer algo que dificilmente se vê acontecer com os homens: a perda da identidade.

Num envolvimento amoroso, quando mergulhamos de cabeça ou estamos profundamente apaixonadas, não é difícil que, com o passar do tempo, acabemos por nos ver apenas em par, somente como casal, e não mais como aquele ser único e cheio de peculiaridades que éramos antes.

E isso é um perigo tremendo, pois ao assim agir, perdemos nossa identidade e podemos deixar ir, aos poucos e sem perceber, nossa autoestima, nossos sonhos, nossos amigos e, até mesmo, aquilo que nos tornava interessante tanto a nós mesmas, quanto aos demais.

Não podemos esquecer que, antes de a esposa do(a) fulano(a), a namorada do(a) sicrano(a), somos nós mesmas, que existimos de forma independente, que somos aquela pessoa cheia de trejeitos, manias e peculiaridades desde pequena, um ser completo e singular, com suas próprias ambições e visão de mundo.

Todavia, quando nasce um filho, a coisa é muito mais intensa. A perda da identidade é um perigo ainda mais concreto. O nosso corpo já está mudado por causa da gestação e, depois, da amamentação. O tempo para dedicação a nós mesmas, logo após o parto, é quase nulo (depois dá uma melhorada, mas nem se compara com o tempo que possuíamos antes do rebento!). Aquele ser divino e encantador que nasceu nos deixa meio que enfeitiçadas, tudo gira em torno e em função dele. Ele é uma parte de nós, não adianta. É um momento mágico, de fato.

Porém, temos que tomar o cuidado para não nos abandonarmos como pessoa, na nossa perfeita singularidade. O tempo passa, os filhos vão se desenvolvendo e conquistando a sua independência, e não podemos ficar na sua margem, à sua sombra.

É claro que logo que um filho nasce a vida dá uma guinada tremenda e levamos um tempo para nos situarmos. Faz parte. O que não pode acontecer é permanecermos com a nossa identidade confusa depois de a poeira abaixar.

Precisamos lembrar que temos amigos, que possivelmente temos uma carreira profissional, que temos (ou podemos vir a ter) um(a) parceiro(a), que temos aspirações das mais diversas ordens, e muitas destas coisas não incluem, diretamente, os nossos filhos.

E está tudo bem. Continuar existindo como pessoa – e não apenas como a companheira e/ou a mãe – não é nenhum crime! Pelo contrário, é importante, é necessário, é vital!

Se não o fizermos, invariavelmente uma hora a vida vai nos cobrar. Vai chegar um dia em que nos olharemos no espelho e talvez não mais nos reconheçamos. Não veremos refletido o mesmo brilho no olhar de outrora. Nos perceberemos confusas, perdidas.

De qualquer forma, sempre é tempo de voltar a se encontrar. Não importa o que aconteceu ou quanto tempo passou. É possível percorrer o caminho de volta para dentro. É possível redescobrir-se.

Porque, não tenhamos dúvidas: faremos nossos(as) parceiros(as) e nossos filhos mais felizes, quando estivermos bem e felizes conosco mesmas!

Susiane Canal

“Servidora Pública da área jurídica, porém estudante das questões da alma. Inquieta e sonhadora por natureza, acha a zona de conforto nada confortável. Ao perder-se nas palavras, busca encontrar um sentido para sua existência...”

Share
Published by
Susiane Canal

Recent Posts

O que a psicologia diz sobre pessoas que balançam a cabeça ao ouvir alguém

Especialistas estudam como um simples movimento de cabeça ao interagir com alguém pode refletir processos…

15 horas ago

Introdução aos Jogos de Slots na 1Win

Os jogos de slots são uma das formas mais populares de entretenimento em cassinos, tanto…

1 dia ago

Adolescência: A inspiração real por trás da formidável nova série da Netflix

A minissérie mais comentada do momento impressiona ao narrar um crime chocante sob diferentes perspectivas…

2 dias ago

Luana Piovani se pronuncia após filho ser exposto a situação de alto risco: “Estou estarrecida e tremendo”

Um vídeo que voltou a circular neste fim de semana mostra Dom, filho de Luana…

2 dias ago

6 frases que pessoas passivo-agressivas usam achando que é normal

No dia a dia, a maneira como nos expressamos pode afetar diretamente nossos relacionamentos interpessoais.

3 dias ago