Hoje recebi uma cartinha carinhosa. Tão carinhosa que custei a perceber que se tratava de uma cobrança. Esqueci de pagar o boleto de um curso e então me enviaram o lembrete afetuoso, mas firme. As entrelinhas diziam claramente: – Apesar de gostarmos muito de você, há um compromisso não cumprido na nossa relação.
Me envergonhei pela displicência e gastei um bom tempo pensando nas inadimplências da vida.
Não cumprir um compromisso por falta de recursos exige, sem dúvida nem hesitação, que se dê uma satisfação. É o mínimo que merece o credor, já que não vai receber o acordado.
Deixar de realizar um prometido é igualmente uma dívida não justificada, uma inadimplência. E como nos tornamos devedores pela vida afora.
Ficamos devendo aquela ligação de aniversário, a receita da sobremesa tão elogiada, uma ligação para o medico para avisar que não iremos comparecer, a doação que prometemos para uma causa que nos tocou, um tempo para gastar com aqueles planos de qualidade de vida e muito mais.
Dívidas são inconvenientes, aborrecidas, magoáveis, difíceis de esquecer. Muitas vezes são a razão de uma bruta insônia. Ficar devendo não é o mais grave. Pode acontecer. As circunstâncias são diversas.
Ruim é fingir esquecimento, se esforçar mais por desculpas do que pelo cumprimento, desviar toda a vida para não topar com o credor. Já aí a inadimplência faz casa e dita que veio para ficar. E as dívidas só tendem a se acumular.
Prometer é um ato banal. A responsabilidade sobre a promessa é outra coisa!
Se crédito já é um perigo para as finanças, imaginemos no campo pessoal, que envolve confiança, esperanças, sentimentos, emoções. Para esse tipo de inadimplência, não tem dinheiro que pague.
Por tudo o que a expectativa de um acordo não cumprido pode gerar, eu fico com a citação de um autor desconhecido que diz muito sobre usufruir, cumprir e se despedir:
“Beba moderadamente, pague honradamente e saia amigavelmente.”
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