Como traduzir um instante de amor?
Como explicar um gesto que abraça e integra todo o seu ser, que é capaz de unir o Céu e a Terra, o corpo e a alma, em questão de segundos?
E para que interpretar, explicar ou traduzir a comunhão de um instante?
Por que não sentir, somente?
Não é suficiente o sentimento capturado e vivido com a máxima intensidade?
Respondo que Não! Concordo com Hannah Arendt, filósofa alemã, quando afirma: Humanizamos o que ocorrer no mundo e em nós mesmos apenas ao falar disso, e no curso da fala aprendemos a ser humanos.
Narrar esse instante de amor é prolongá-lo, é voltar a sentir, é eternizá-lo…
A memória deste gesto – sua mãozinha procurando pela minha- reafirma a certeza de que um amor maior está sendo construído. O calor e a carícia resultante do encontro de nossas mãos, criaram uma intimidade profunda e fecunda que atra- vessou todos os poros, uniu gerações e confirmou o sentido da minha vida.
Mãos que se transformaram em ninhos de alegria, de confiança e de esperança.
É o impalpável sentimento brotando do palpável roçar das palmas de nossas mãos que velará meus sonhos e despertará as raízes de minha vida.
Imagem de capa: Irina Braga/shutterstock