Por Josie Conti
“Ciúme é querer manter o que se tem, cobiça é querer o que não se tem, inveja é não querer que o outro tenha. E que prestem atenção, inveja é um vírus que se caracteriza pela ausência de sintomas aparentes. O ódio espuma, a preguiça se derrama, a gula engorda, a avareza acumula, a luxuria se oferece, o orgulho brilha, só a inveja se esconde. E que tomem cuidado, como adverte uma personagem desse livro, a emergente Vera Loyola, o verdadeiro amigo não é o que é solidário na desgraça, mas o que suporta o seu sucesso. Ou, como constatou outro personagem, o padre, a solidariedade na alegria é muito rara. Outra coisa, a inveja é como a serpente, seu símbolo, ataca de perto. Os personagens distantes isto é, os ídolos, despertam na verdade inveja boa, quer dizer, admiração. E que não se esqueçam, como dizia Nelson Rodrigues: “Há coisas que o sujeito não confessa nem ao padre, nem ao psicanalista, nem ao médium depois de morto: uma delas certamente é a inveja. Portanto, preparem-se para participar de um jogo em que o importante não é o que se ganha, mas o que o outro perde.” Zuenir Ventura
O trecho transcrito acima marca a introdução do livro “Mal Secreto- Inveja” do professor, jornalista e escritor Zuenir Ventura.
Abaixo, reflexões do psiquiatra Flávio Gikovate:
“Ninguém gosta muito de pensar que possa sentir inveja, muito menos de alguém que lhe seja bem próximo. Porém, a realidade nos ensina exatamente o inverso: o sentimento ocorre mais frequentemente entre os que têm convívio íntimo.
A inveja deriva da nossa tendência a nos compararmos: nos sentimos diminuídos, humilhados, quando alguém tem algo a mais que nós. Ela costuma ser mais intensa quando consideramos que o outro não deveria ter mais, pois é da mesma faixa etária, da mesma origem social…
Aquele que se sente por baixo, perdedor nessa disputa, experimenta uma mistura de sentimentos: antes de mais nada, sente-se humilhado, ou seja, ferido na vaidade (esse anseio que todos temos de nos destacar); ao se reconhecer por baixo, sente raiva, o que determina o surgimento de reações agressivas sutis ou frontais. Quase toda hostilidade gratuita deriva da inveja!
É sempre conveniente registrar que a inveja pode nos alcançar, a todos, em algum momento da vida. Aqueles que dizem nunca ter sentido inveja ou são mentirosos ou ainda não se viram numa posição de inferioridade suficientemente desagradável para que viessem a experimentar o desconforto.”
Fragmentos do texto “A Inveja nas Relações Íntimas”, de Flávio Gikovate
Creio que, o contato com materiais como esses nos permite uma visão explícita do conceito e da função real desse sentimento que é inerente ao homem.
Boa parte da hipocrisia social reside na não admissão de sentimentos tidos como “menos nobres”. Identificá-los e reconhecê-los pode prevenir escolhas doentias e recorrentes em nossas vidas. Um estilo de vida mais coerente e equilibrado é reflexo da aceitação de nossas características mais limitadas. Sabendo-as parte de nós, seremos capazes de buscar estratégias mais honestas e eficazes para uma vida mais plena e menos ligada à comparações e exibicionismos desnecessários: ambos grandes alimentos para inveja.
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