O ator Iran Malfitano, que participa da 14ª edição do reality ‘A Fazenda’, da Record TV’, causou polêmica ao falar sobre como conduz a educação de sua filha Laura, de 11 anos. Durante uma discussão com Pétala, sua colega de confinamento, ele confessou que bate na criança e afirmou que é ele quem manda em sua família.
“Eu bato na minha filha. Não bata no seu. Eu já tive essa discussão com outros amigos. Na minha família mando eu”, declarou o ator de de 41 anos. “Se fosse minha filha estava tomando um tapa”, completou, se referindo às atitudes de outro participante do programa. Veja o vídeo abaixo.
Ao site Universa, do UOL, a psicóloga Nanda Perim explica que o comportamento defendido pelo ator não é benéfico para o desenvolvimento da criança e, além de traumas, pode causar um impacto negativo na maneira como ela irá se comportar na vida adulta.
“Nem sempre a pior consequência é o trauma. Quem faz isso diz que a palmada é leve, para dar um susto. Mas isso se carrega para a vida, e pode dar origem a um adulto com medo de se expor, que sempre enxerga ameaças em seus relacionamentos, que sente que precisa se defender o tempo todo”, diz a psicóloga, que é especializada em inteligência parental, e defensora da educação democrática.
“Nosso cérebro é uma máquina de detectar perigo e entra em modo de sobrevivência quando precisa. A pessoa sequer percebe que esse comportamento é uma consequência da violência que sofreu em casa. E não se trata de uma criança que foi espancada, mas que levou palmadas”, explica.
De acordo com a profissional, o que a criança aprende quando é educada dessa forma é que ela não pode errar para não apanhar. Por causa do medo, ela não desenvolve capacidades cognitivas para lidar de forma madura com os problemas da vida.
“Bater não educa. A criança precisa aprender habilidades emocionais da vida, conhecer as regras sociais, a si mesmo, controlar seus impulsos e emoções. E isso dependerá do desenvolvimento cognitivo neurológico, que progride com mais intensidade até os 12 anos de idade”, diz.
Bater na criança, seja como forma de correção ou não, é crime segundo a legislação brasileira.
“O uso de violência contra criança ou adolescente, seja como meio de ‘correção’ ou não, é proibido pela legislação brasileira. O Estatuto da Criança e do Adolescente esclarece que eles têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto”, esclarece Amanda Bessoni Boudoux Salgado, doutora em Direito Penal pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e advogada criminalista do escritório Alamiro Velludo Salvador Netto Advogados.
“No Código Penal, há a previsão de crimes como lesão corporal e maus-tratos, este último quando se expõe a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, inclusive com abuso de meios de correção ou disciplina. Esse crime é punido com detenção de dois meses a um ano ou multa. Se resultar lesão corporal grave, a pena aumenta para reclusão de um a quatro anos. Ainda, em caso de morte, a pena é de reclusão de quatro a 12 anos”, conclui a advogada.
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Redação Conti Outra, com informações do Universa/UOL.
Foto destacada: Reprodução/Record TV.
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