Já leu “Ética e pós-verdade”? Pois, deveria.

Um livro único. Essa seria a minha definição tamanha a grandiosidade da obra.

Muito se tem falado sobre “pós-verdade” e, após ter sido eleita a palavra do ano de 2016, pela Universidade de Oxford, a sua definição ganhou uma nova aparência: “descreve circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência em moldar a opinião pública do que apelos à emoção e a crenças pessoais”.

O livro “Ética e pós-verdade” que reúne artigos de cinco dos pensadores mais respeitados do país: o psicanalista Christian Dunker, o crítico literário Julián Fuks, o escritor Cristovão Tezza e os filósofos Marcia Tiburi e Vladimir Safatle, é uma verdadeira obra de arte, já que leva o leitor a refletir sobre o poder de decisão e a influência que exerce na sociedade.

O livro foi organizado pelo jornalista Manuel da Costa Pinto, com o objetivo de propor análises sobre a pós-verdade no Brasil a partir de diferentes pontos de vista: psicanalítico, político, filosófico e literário. Porém, a obra consegue ir além disso e fazer com que o leitor repense sobre suas atitudes sociais.

Sem lirismo ou verdades encobertas, o tema “pós-verdade” é tratado de forma objetiva e certeira. Um exemplo disso é o ensaio que abre a obra. Em “ Subjetividade em tempos de pós-verdade “ de Christian Dunker há uma análise sobre o conceito do tema na sociedade. O autor, sabiamente, faz um breve histórico do conteúdo e apresenta sua argumentação baseada na psicanálise. Com ricas citações que vão dede Woody Allen até os personagens do filme Matrix.

Sobre o mesmo tema, mas com base no tema diálogo, Vladimir Safatle é mais ousado. O grande escritor, em “É racional parar de argumentar” aborda o tema diálogo e violência de forma contrária à convencional. “Pode parecer paradoxal afirmar que a organização dos conflitos a partir da expectativa de diálogo produza necessariamente niilismo e violência, afinal aprendemos que o diálogo é exatamente o inverso da violência, que ele é seu melhor antídoto. Mas talvez devamos assumir que há uma violência implícita no diálogo”.

Enfim, esses são apenas um dos motivos pelos quais você deveria ler a obra. Mas, claro, é apenas uma sugestão. Como afirma a filósofa Marcia Tiburi, “a verdade depende, de certa forma, de nosso gosto”.







A literatura vista por vários ângulos e apresentada de forma bem diferente.