Por Clara Baccarin
Já não me importo que não gosta de mim. Não me afeta saber que repete isso em frente ao espelho ‘Já não gosto de ti’, e cola como lembrete na geladeira e escreve como nota de rodapé em todas as páginas de sua agenda ‘Já não gosto de ti’.
Já não me importo que não gosta de mim, assim como decisão contratual, com firma reconhecida em cartório e com mandato judicial impondo ordem de restrição ao seu coração ‘Fique longe’.
Já não me importo que não gosta de mim só porque existem outros olhos em sua janela e gosta de olhar pra eles também e por lei, então, teve que fechar as cortinas de nossos encontros de alma.
Já não me importo que não gosta de mim por ter gostado de uma de minhas faces e desgostado das outras tantas. Por não saber como conviver com territórios desconhecidos, por não querer que eu seja imprevisível, mesmo que eu te diga que sim, eu sou assim como as batidas do coração, que seguem ritmos, mas as vezes perdem o fôlego. E assim eu sou, vibração e descompasso. Mas me parece que você gosta só do que a vista alcança.
Já não me importo que não gosta de mim por ter encontrado em mim um cais e atrás dele uma floresta densa e hermética. Já não me importo se não pude te mostrar apenas o que em mim é cais e escondido o que é floresta. Já não me importo de ver que seu acampamento não ousa sair da praia. Já não me importa que você tenha cercado todas as suas florestas e moças desbravadoras agora são animais em extinção em suas terras.
Já não me importa ver seus olhos brilharem por tantas outras praias que sabem esconder bem florestas, nunca me importei com isso de toda forma. Porque continuo achando que quem tem olhos de encontrar praias, ainda tem coração de desbravar florestas, mesmo que o coração tenha sido catequizado e civilizadamente tenha aprendido o monoteísmo de ver apenas uma praia por vez.
Já não me importa se já nem ousa perder os olhos em mim, mesmo que descuidados. Porque sei que o medo não é apenas o de desbravar matas, mas é acima de tudo o de criar incêndios incontroláveis que poderiam exterminar todas as outras praias. Mal sabe você o respeito que eu mesma nutro por praias, eu que com olhos binoculares, sempre encontro as minhas próprias.
Já não me importo que tenha aprendido a afunilar os brilhos dos olhares e na seleção de coisas miúdas e inteligíveis, eu não passei. Já não me importo com olhares curtos.
Já não me importo porque a sua falta de conhecimento te limitou a perceber que o que cresce e transborda em mim não é o medo e nem a dor, mas a paixão.
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