Uma médica veterinária de 24 anos que vive em Santos, no litoral de São Paulo, decidiu fazer uma homenagem póstuma ao pai, que faleceu na semana passada devido a complicações causadas pela Covid-19. Pouco antes de partir, o pai escreveu um comovente bilhete em que se declara para a filha. Nesta semana, a jovem imortalizou as palavras dele, tatuando o bilhete na própria pele.
A jovem disse ao g1 que seu pai contraiu a doença em outubro do ano passado, e desde então, passou a conviver com sequelas. Ele, que tinha 61 anos e sofria de artrite reumatoide e início de fibrose pulmonar, passou dois meses internado em um hospital de São Paulo, mas acabou não resistindo e faleceu.
“Eu decidi tatuar esse bilhete na última segunda-feira”. O bilhete que o pai lhe deixou como presente diz o seguinte: “Meu sangue B, sempre estarei com você, tenho muito orgulho de você, te amo”.
De acordo com a veterinária, seu pai encontrava diferentes formas de demonstrar o amor que sentia pela família. “Ele não era alguém que falava ‘eu te amo’ todos os dias, mas sim, de forma esporádica. Lembro do dia em que ele me deu esse bilhete e um vaso de flores com um girassol”, conta.
A jovem fez três tatuagens para homenagear seu pai. A segunda delas é a imagem de um girassol. “É a tatuagem que mais me toca, o girassol marca muito minha história com ele, e foi a flor que estava no caixão quando ele foi cremado”.
A última tatuagem é uma frase que simboliza os dois meses em que ela e sua mãe se apoiaram enquanto o pai estava internado. A frase “By your side until your last heartbeat”, que significa “Ao seu lado até seu último batimento cardíaco”, foi tatuada em suas costelas, com a letra cursiva da sua mãe. “Ele não está mais presente, mas são formas de me lembrar dele”, diz a jovem.
“Antes, as orações eram por cura, mas como o sofrimento foi aumentando, chegou um momento em que as orações se tornaram por misericórdia”. De acordo com a veterinária, os últimos dias do pai foram muito difíceis. Nos últimos quatro, foi necessário que não saíssem de perto do seu leito no hospital. “Ele teve falência múltipla de órgãos, e vimos os batimentos cardíacos dele caindo. Nós lutamos muito, mas a hora dele chegou”.
A veternirária diz que seu pai era “um cara difícil de derrubar”, e que ele teria passado por grandes desafios, como apendicite e trombose. Da estreita relação entre pai e filha, ficam as lembranças, o legado e os ensinamentos que o pai dela passou à família.
“Uma vez, ele comprou um whisky e disse que tomaríamos juntos no meu casamento. Eu, obviamente, vou tomar se um dia me casar, mas agora não vamos poder viver isso”, desabafa.
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Redação Conti Outra, com informações de g1.
Fotos: Arquivo Pessoal.
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