Juiz trabalha como gari por um dia para se colocar no lugar de outros trabalhadores

Em projeto desenvolvido TRT-RJ, juízes e desembargadores que julgam processos trabalhistas passam por um dia de treinamento e depois trabalham por um dia como faxineiros, garis, telefonistas, cobradores, ajudantes gerais. O intuito é que eles se coloquem no lugar de outros trabalhadores e entendam as dificuldades pelas quais eles passam. Em um dia como gari, o juiz Thiago Mafra da Silva relata dificuldades: “Foi bem pesado, cheguei a vomitar por causa da insolação”

A Escola Judicial do TRT-RJ (Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro) desenvolveu um projeto que visa a melhorar a empatia dos juízes e desembargadores que julgam processos trabalhistas. Para isso, eles passam um dia na pele de outros trabalhadores. Os magistrados fazem aulas teóricas, um dia de treinamento e depois trabalham por um dia como faxineiros, garis, telefonistas, cobradores, ajudantes gerais.

“A empatia é essencial para todos, mas para nós especialmente, diariamente, a gente tem que se colocar no lugar do outro, se colocar na pele tanto do trabalhador, quando do empregador, para entender as dificuldades que eles enfrentam”, diz o juiz Thiago Mafra da Silva, do TRT do Rio de Janeiro, que trabalhou um dia como gari para a Comlurb, a empresa de limpeza da cidade.

“O juiz que perdeu a capacidade de olhar com empatia para o outro, perdeu a capacidade de ser juiz”, diz Marcelo Augusto Souto de Oliveira, diretor da Escola Judicial e um dos responsáveis pela implementação da ideia.

Na última sexta-feira de julho, Thiago estava entre a meia dúzia de trabalhadores que faziam a limpeza da praia do Leme. Morador do Botafogo, ele não teve a experiência de acordar todos os dias às 4h20 da manhã para ir ao trabalho, como seu colega naquele dia Alexander Santos Pereira, de 44 anos, gari há dez anos. Também nunca soube o que é viver com o salário de R$ 1,5 mil que Alexander recebe.

Mas sentiu por um dia como é passar cinco horas trabalhando sob o sol quente retirando da areia copos plásticos, restos de comida e bitucas de cigarro. Sem o chapéu e sem protetor solar, Thiago sofreu insolação. “Foi bem pesado, cheguei a vomitar por causa da insolação”, conta.

Mesmo assim, Thiago achou a experiência importante e positiva. “É um exercício importante, porque a nossa carga de processos é muito grande. Se não tomarmos cuidado, corre o risco de virar automático, de virar só mais um processo. Sendo que para as partes não é isso, às vezes é uma das coisas mais importantes da vida delas”, diz.

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Redação CONTI outra. Com informações de G1

Imagem de capa: O juiz do Trabalho Pedro Ivo Arruda é um dos 23 magistrados que participaram do projeto neste ano — Foto: Arquivo pessoal







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