Apesar de Hollywood ter uma predileção por musicais, historicamente, não foram todos que puderam ser chamados de inesquecíveis. Porque é um gênero difícil, onde o público precisa estar em sintonia com a narrativa apresentada e, mais do que isso, ter a sorte de estar no lugar certo, no tempo certo. Felizmente, assim é La La Land.
Damien Chazelle faz parte de uma safra exclusiva. Não há, em ascensão hoje, alguém que mescle habilidades técnicas com um sentir tão honesto e nostálgico nos seus roteiros. O que pode soar clichê para muitos, na verdade move todo o trabalho do jovem cineasta de 31 anos (32 no próximo dia 19 de janeiro). Premiado pelo cultuado Whiplash, Chazelle teve que esperar o sucesso do longa para ouvir um “sim” ao universo de La La Land. O importante é que ele chegou e trouxe uma experiência das mais puras e românticas de todos os tempos da sétima arte.
Logo de cara, cantorias e coreografias alegres. O plano aberto, as cores, o sincronismo, nada entrega ou mesmo prepara o espectador para o que está por vir. Somos apresentados para Emma Stone e Ryan Gosling, respectivamente, Mia e Sebastian. Ela, uma atriz aspirante. Ele, um músico de jazz sem lar. Do encontro banal, o início de outros encontros urgentes e sentimentais. Através das estações do ano, La La Land culmina em atos diversos. Ora para falar de amor, ora para falar de música. Noutras, cinema. O ponto em comum entre tantos assuntos? Sonhos.
Nas atuações poéticas de Gosling e Stone, particularmente, ela memorável e de fazer transpirar o coração. Talvez, desde Ingrid Bergman, beleza, carisma e uma chama artística não estivessem tão recorrentes como estão na ruiva de olhos expressivos. Um Gosling seguro, inspirado e remontando o jazz na sua essência e paixão. Cenários estonteantes, uma fotografia saída dos versos mais preciosos, uma direção avidamente semelhante aos grandes do passado, mas embutida de uma sutileza rara, única.
La La Land é sobre tudo. É gratidão, completude, essência, homenagem, referência, urgência, vida e um amor declarado. Exposto e sem medo algum de possíveis descaracterizações, Chazelle criou o ambiente propício dos apaixonados, dos que não desistem de serem arrebatados, dia após dia, por essa explosão eufórica, inocente e resiliente de amor.
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