Quantas expectativas criamos sobre alguém que acabamos de conhecer? Sobre nossos amigos? Nossos familiares? Sobre as pessoas do trabalho? Os chefes? Quantas expectativas temos em alcançar aquelas metas? Para aqueles sonhos bem elaborados na nossa mente? Para aquele momento com determinada pessoa?
Analisando essas perguntas e a nossa vida, uma coisa é certa: o ser humano é uma fonte interminável de expectativas. Criamos histórias irreais na nossa mente para mcom tudo e com todos. Criamos papéis para nossos pais, amigos, colegas, namorada(o) e para quem acabamos de conhecer. Imaginamos logo que a pessoa deva ser de uma forma e que deve agir, pensar e falar nesses limites que a impomos.
Traçamos trilhos para cada um à nossa volta e queremos profundamente que sigam esses caminhos de qualquer maneira. Qualquer deslize pode ser motivo de frustração, arrependimentos, brigas, tristezas e por aí vai (nada bom, né?).
Criar expectativas é abrir mão de sua liberdade e também da do outro, para que se siga um roteiro fixo criado em nossa mente. É uma tentativa sempre frustrada de ser o roteirista da vida do outro.
Se conheci você hoje, já traço uma imagem baseada em préconceitos na minha mente. Imagino, logo, como você deve ser 24h por dia e espero - quase que convicto - que você siga esse perfil junto com os limites que imaginei para você.
É como se, para cada pessoa que conhecêssemos, tivéssemos que plantar uma semente no nosso jardim. Nós lhe damos um lugar, dizemos que tipo de planta será e, de tempos em tempos, vamos podando seu crescimento, para que ela possa se tornar a árvore que um dia imaginamos. Entretanto, quando não se torna, ficamos zangados e culpamos aquela planta por isso.
A árvore é uma bananeira, mas nós queríamos uma mangueira. Tentamos, de todas as formas, que a bananeira se tornasse mangueira, mas isso está além do nosso desejo. Nesse ponto, ou aceitamos que temos uma linda bananeira, ou ficamos tristes com o que não aconteceu. Muitas vezes, decidimos pôr um fim na bananeira para novamente tentar plantar um pé de manga.
Fazer com que a outra pessoa se torne a mãe ou pai com que você sempre sonhou, o amigo ou amiga com que você sempre sonhou, o namorado ou a namorada com que você sempre sonhou, o marido ou esposa com que você sempre sonhou, o colega de trabalho com que você sempre sonhou, ou o líder com que você sempre sonhou, é uma grande infantilidade. É pensar que o mundo e todas as pessoas nele estão aqui para servi-lo, servir às suas vontades. Você quer ser rei de um reino que nunca existiu. Isso é tirar a liberdade do outro. Isso é aprisionar o outro no molde que você fez para ele. Não há dúvidas, isso é sinal de puro egoísmo.
Então, eu imagino algo em minha mente, que, por sinal, só existe aqui dentro, e tento moldar o mundo para que tudo saia conforme planejei. Sinais disso são quando falamos: Fulano não deveria falar assim; Fulano agiu de forma errada; Fulano pensou besteira; Fulano não pode fazer isso, Fulano me irrita, Fulano não tem jeito. É quando rotulamos o que o outro não pode e não deve fazer. É quando exigimos que o outro só faça algo que nos agrade e que nos trate da melhor forma ou como nós o tratamos.
Mas se ele sempre agir assim como eu gostaria, onde irá o livre arbítrio dele? Cadê sua liberdade ao seguir conforme os meus gostos? Para onde foi a sua vida, se ele tiver que seguir a minha?
Nos relacionamentos, acontece muito isso: queremos tanto que o outro seja igual a nós, que não toleramos, muitas vezes, algumas diferenças. Entramos em discussões, brigas e verdadeiras guerras, por não aceitar que o outro tem o direito, e por que não o dever, de ser diferente de nós.
Deus não gosta de uniformes, Ele não fez nada nem ninguém igual. Quem gosta de fazer igual somos nós, homens e mulheres, que criamos clones, robôs, computadores, celulares, máquinas, roupas e outros produtos de consumo que são padronizados de acordo com um “perfeito” planejamento, de fábrica.
O que fazer para diminuir esse tornado de expectativas?
Veja isso em você:
Imagine você falando para aquela pessoa ou situação: eu o aceito da forma que você é. Pense numa voz interna que sai pelo seu coração. Isso é amor, isso é transcender a mente (ego), isso é se iluminar, isso é se espiritualizar, isso é ser livre do comportamento do outro.
Quando você faz isso, você tira aquele laço que está ligado ao movimento do outro. Qualquer coisa que a outra pessoa fizer já não irá incomodá-lo tanto. Perceba que você pode brincar de fazer planos, mas permita também que eles se quebrem. Qualquer fato que aconteça, procure aceitar.
Não se adiante para o futuro. Abandone as expectativas. Uma vez que você tenha abandonado as expectativas, você aprendeu a viver. Então, tudo que acontece o satisfaz, o que quer que seja. Você nunca se sente frustrado, porque, em primeiro lugar, você nunca esperou. Dessa forma, a frustração é impossível. A frustração é uma sombra da expectativa.
Uma vez que não mais existam expectativas, você está livre para mover-se no desconhecido e aceitar o desconhecido — o que quer que ele traga. E aceitá-lo com profunda gratidão. As lamentações desaparecem; as queixas desaparecem; seja qual for o caso, você sempre sente-se aceito, em casa. A segunda coisa: quando tudo acontece sem você esperar, tudo se torna novo. Isso traz um frescor para sua vida; uma brisa fresca está continuamente soprando e isso impede que poeira se acumule sobre você. Suas portas e suas janelas estão abertas: os raios de sol entram, a brisa entra, a fragrância das flores — tudo inesperado. Você nunca pedi, e a existência continua se derramando sobre você. A pessoa sente que Deus É. OSHO
Cada um tem a sua própria história, evite criar roteiros para os outros. Todos somos livres para pensar, falar e agir. Não conhecemos profundamente, na pele, a história do outro e qualquer forma de julgamento é sempre prematuro.
Não é necessário deixar de sonhar ou de imaginar sobre a sua vida, mas não se ocupe tanto em criar papéis para os outros.
Que sejamos flexíveis, que nos moldemos como a água e que sejamos um templo de amor.
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