Quando eu era menino, com os meus colegas de escola aprendemos, por conta própria, a linguagem dos surdos-mudos, e assim conversávamos entre nós. Lição aos pedagogos: criança, quando quer, aprende, especialmente se a coisa não for lição de casa. Ainda hoje me lembro. Consigo falar com as mãos. Coisas simples. Ler é mais difícil. É preciso que a conversa seja vagarosa. Pois visitando o Instituto Metodista de Lins, um grupo de adolescentes me apresentou um colega surdo-mudo. Eu o saudei na linguagem dos surdos-mudos. O sorriso dele foi maravilhoso! Ficamos amigos sem um único som. O mesmo aconteceu, faz poucos dias, no caixa do Pão de Açúcar. Fiz uma brincadeira com o jovem que estava pondo minhas compras nos plásticos e ele não disse nada. Aí a caixa explicou: “É surdo-mudo…”. Falei com ele em linguagem dos surdos-mudos. De novo, foi aquela alegria! Não seria legal se as crianças e adolescentes, por puro prazer, aprendessem o alfabeto dos surdos-mudos? Não se aprende inglês e francês? Deveriam aprender, nas escolas, como parte de um projeto de inclusão.
Rubem Alves no livro “Ostra feliz não faz pérola”.
Conheçam o Instituto Rubem Alves e participem de seus projetos.
Veja um exemplo!
Para exemplificar a profundidade do que foi dito, deixo a baixo um vídeo promocional da Sansung onde os moradores de um bairro em Istambul aprenderam a língua dos sinais para surpreender Muaharrem, um dos seus vizinhos, que é surdo e usa a linguagem dos sinais para se comunicar. O resultado do trabalho é incrível e realmente emocional, como nos descreve Rubem Alves no texto acima.