Há um samba que diz assim “a educação vem de berço e a bondade também. A vergonha da pessoa não se compra em armazém.” E, acredito, que não há quem discorde. O pior sentimento é a vergonha. Vergonha trava, paralisa, traz medo e, no amor, consegue ser ainda pior.
A vergonha tem duas vertentes: a boa, considerada defesa, pois leva o indivíduo a repensar em seus atos antes e depois de cometê-los. E a ruim, que faz o homem recuar diante de certas situações e sentir-se indigno de algumas coisas. No caso dos relacionamentos amorosos a vergonha deveria ser encarada como uma defesa, mas nem sempre é assim, já que há pessoas que não sentem vergonha de expor suas vidas ao ridículo.
Acredito que cada um ame de um jeito. Há quem faça declarações de amor em público, há quem atravesse o Rio Nilo a nado para ficar com quem se ama e há, também, aqueles que amam em silêncio. Porém é preciso considerar que toda forma de amor só é válida desde e for recíproca, do contrário representa mais uma história masoquista do que um romance de sessão da tarde.
Acredito no amor, em reconciliações e em histórias que recomeçam depois de anos separados, mas há pessoas que transformam o romance em um roteiro policial: perseguem, insistem e imploram o amor do outro como uma condição de continuar a viver.
Nesses casos, confesso que tenho vontade de embrulhar o bom senso para presente, chegar nelas e dizer “toma, é seu!” Talvez assim, elas entenderiam que amor e o autocontrole caminham juntos.
Perder o bom senso é perder o autocontrole, a sanidade. É esquecer que amor também precisa de medidas. É engolir a vergonha e se humilhar por migalhas de atenção por quem não merece nem seu bom dia. Como dizia Albert Camus: “Não é nenhuma vergonha ser-se feliz; vergonhoso é ser feliz sozinho.”
Amor é simples. Complicado é prova de física, levantar peso, trabalhar três períodos e sentir vergonha de, um dia, ter corrido atrás de quem nunca se importou com você.