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Mães cansadas e a difícil “arte” de colocar limites

Escrevo esse texto, primeiramente,num bloco de anotações, o inicio se dá as 00:28, numa noite ou quase dia de março.
Estou do lado da cama do meu filho de 3 anos que acordou e decidiu não dormir mais, quer transgredir regras, deseja assistir televisão ou dormir comigo.

Fiz todas as peripécias possíveis para que fosse mais fácil para ele e para mim também: conversei, expliquei e contei histórias, mas tudo isso de nada adianta se a criança não quer entender e testar os limites, pois isso faz parte do desenvolvimento infantil.

No dia seguinte, terei que acordar cedo para cumprir todos os deveres de profissional, cidadã, mãe e dona de casa e já estava muito cansada de ter cumprido tudo isso durante o dia que terminou.

Certamente, seria muito mais fácil colocá-lo em frente á TV ou levá-lo para dormir comigo, pois a essa hora já estaria dormindo, não haveria esse desgaste todo para ambos, mas, lembrei que se eu esmorecesse, possivelmente, no dia seguinte essa cena se repetiria e depois no outro dia e assim por diante.

Meu filho não parava de chorar e soluçar, então, decidi sentar no chão ao lado de sua cama e escrever, já que não havia mais a possibilidade de qualquer diálogo que o convencesse.Sei que ele está numa fase de testar o poder dos seus desejos e eu como mãe, não posso permitir que ele acredite que todas as suas vontades serão satisfeitas como e na hora que ele desejar, pois o mundo lhe ensinará ao contrário.

Continua chorando e devido ao meu cansaço, quase me convenço que não há nada de mal assistir um desenho animado se ele perdeu o sono depois da meia-noite.
Entretanto, não posso permitir que ele acredite que é o seu horário que rege as pessoas, afinal terá compromissos e terá de ser pontual.

E mesmo cansada e ansiosa por descansar para cumprir a jornada do dia seguinte, permaneci sentada no chão e ao lado de sua cama, refletindo e escrevendo esse pequeno texto.
Ele adormeceu e apesar do embate desgastante, sinto-me com o dever cumprido.

Olho para ele e parece que dorme em paz e sinto-me tranquila, pois em algum momento e com a minha ajuda, entenderá que terá que se adaptar ás regras do mundo, será necessário cumprir horários, respeitar as pessoas e não ultrapassar os limites.

Verifico o relógio e marca 1:14 horas, em menos de uma hora e com muito esforço, termina o dia de uma mãe cansada, assim como todas as outras, mas com a sensação de dever cumprido.
E amanhã começa tudo de novo, certamente haverá outros embates, outras birras, mas haverá também, apesar do cansaço, uma mãe que esforça-separa ensinar o que é necessário para que ele torne-se um adulto preparado para enfrentar as exigências do mundo!

Imagem de capa: Stenko Vlad/shutterstock

Elisangela Siqueira

Psicóloga com especialização em Psiquiatria e Psicologia da Infância e da Adolescência e em Psicoterapia Psicanalítica Breve. Mais de 10 anos de experiência. Atendimentos presenciais e online.

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Elisangela Siqueira

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