Psicologia e comportamento

Mães e pais abusadores emocionais, como lidar?

Dificilmente você verá ou ouvirá em nossos tempos artigos sobre mães e pais abusadores, bem como sobre o significado e extensão deste termo.
O fato é que o arquétipo da mãe ou do pai terrível não encontra espaço palpável na atualidade do politicamente correto. Como seria possível pais que deveriam amar e proteger os seus filhos, acima de tudo, poder prejudicá-los? Nos subterrâneos, porém, pouquíssimo abaixo de tudo o que pode ser visível, é o local onde se encontram as reais condições da pseudovida de inúmeros filhos que, na maioria das vezes, confundem-se de modo enlouquecido quando, por exemplo, os pais vivem falando que os amam, mas as suas ações demonstram exatamente o oposto. 

Outra questão relevante é de que a vítima deste tipo de sequestro de alma está desde o nascimento atada à essa trama, e sua percepção, portanto, pode parecer duvidosa. Isso costuma ocorrer até o momento em que encontra dados suficientes para identificar, de modo preciso, sobre o que está de fato ocorrendo. 

Filhos deste tipo de criação estão desde muito cedo presos num cárcere onde o algoz decide quando e como seu refém irá sobreviver… Este algoz, a mãe, o pai ou quem quer que seja o encarregado dos cuidados e da educação, oferece-lhe comida e condições de sobrevivência, para tanto, porém, infunde-lhe um preço extremamente caro. Tortura emocional por meio de desamor e falta de empatia fazem parte deste suposto cenário. O sequestrado desde cedo, aprende que deve se submeter aos maus tratos, perversos jogos de poder e de submissão, porque entende que seu algoz não é mau ou tão mau assim, posto que este lhe nutre de alimentos, portanto, de vida. Nessa situação, a conhecida “Síndrome de Estocolmo”, que acontece quando se cria um vínculo afetivo com o torturador, tem espaço fértil para o seu desenvolvimento. A partir de então, disfuncionalmente, o cérebro destas vítimas passa a funcionar por meio de submissão infinita e, pior, ainda na dúvida impensável de se estariam sofrendo maus tratos, mesmo que velados. Um sofrimento silencioso que passa por torturas psicológicas, ânsia do amor verdadeiro, insegurança de como agir, baixa autoestima e medo da perda do alimento, amor (?).



Estes algozes são mães, pais ou pessoas que ficam no lugar de supostos “cuidadores”, são catalogados como narcisistas perversos, com ausência de empatia e inúmeros outros fatores que você poderá identificar aqui, se este for o seu caso.

Costumam articular mentiras para convencê-lo de que a sua versão da realidade não é a certa. Dizem que o que você fala ou percebe não é bem assim, que é imaginação sua e quando você reclama de algo sobre o tratamento ou sobre a fala desestabilizadora, a tática é a desqualificação imediata, avisando-o de que não se recordam de terem dito algo abusivo ou lesivo. Esse tipo de estratégia de fragmentação do psiquismo é uma forma altamente eficaz de abuso emocional porque leva a vítima a achar que está ficando louca, posto que suas percepções de realidade são constantemente negadas, e pior ainda, quando a pessoa que as nega é o próprio cuidador, a pessoa que supostamente deveria oferecer referências sobre e para a vida. Esses indivíduos são caracterizados como narcisistas perversos e nesses casos continuam “perfeitos” e você é a sombra, ou seja, o louco.

Absolutamente, tudo tem que passar pelo crivo perceptivo dos tais abusadores. Os filhos, em vez de falarem entre si, apenas se comunicam por intermédio desses genitores, o que confere o poder que os narcisistas tanto perseguem e tanto se deleitam. Nas brigas em família é onde a situação costuma ficar mais em evidência. Via de regra, sempre um dos filhos é o bom e o outro o mau, sendo que eles são a única fonte de informação entre todos, o que os faz sentirem-se mais e mais importantes, êxtase máximo para este tipo de personalidade. Fazem o intempestivo serviço de, nas brigas, controlar o fluxo das informações interpretando o que ouvem por meio de seus próprios critérios. Esse truque faz as pessoas ficarem mais em desequilíbrio e mais dependentes dos poderosos genitores.

Não se contesta um narcisista, não há espaço. Eles sempre têm alguma desculpa ou uma explicação fácil. Quando são checados, costumam ficar escandalizados e criam argumentos cuja finalidade é a de se desresponsabilizarem de qualquer impropério por eles causado. Ainda no intuito de desestabilizar a vítima gerando culpa, alguns realizam discursos explanativos em meio a chavões, lembrando aos demais de que são humanos, ou se vitimizam, dizendo que são pais e que querem o melhor para os seus filhos. Em sua doença narcísica, porém, a falta de empatia continua imperando a ponto de se perpetuarem infinitamente no mesmo tipo de padrão de funcionamento. Mesmo depois de tais episódios difíceis, não mudam as suas condutas. Não possuem a menor percepção de que todos à sua volta também são da categoria humana e que sofrem por conta da frieza e das ações desmedidamente veladas surgidas apenas e tão somente em nome de se obter poder sobre o outro.

Em meio a todo esse cenário difícil de sobrevivência, é possível que você possa estar se perguntando o quanto é viável se sair bem e ileso de uma trama dessa ordem.
A cura emocional, bem como o resgate de si mesmo, começa quando se percebe que há algo de muito errado nesse tipo de relação. 
O começo é a consciência. Após a descoberta, o segundo passo é o de buscar ajuda terapêutica. Lembre-se de que você tem uma vida de vício emocional nesse tipo de funcionamento neurológico e, a essa altura, já tem inúmeras respostas automáticas que movem suas ações em meio a crenças negativas infundadas criadas por você e em relação a si mesmo. 

Despadronizar e se resgatar descobrindo a sua verdadeira natureza será o toque mágico que fará a sua existência acontecer em sua plenitude. 

Terapia eficiente, somada a todo tipo de leitura sobre o assunto, o ajudará a ter mais e mais consciência e lhe fortalecerá para que você possa ter as atitudes libertadoras que tanto almeja. Toda busca nesta direção será bem-vinda e de grande valia.

Por Silvia Malamud

Conheça mais sobre a autora e seus outros artigos aqui.

Via: Somos Todos Um

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