Temos no imaginário coletivo, uma herança judaica cristã, que todas as mães são sempre boas, ou seja, são aquelas pessoas angelicais que protegem os seus os filhos, não os deixam passar pelos traumas da vida, que os socorrem das decepções que a sociedade impõe, contudo há exceções.
Mas isso não é uma verdade absoluta, pois existem as mães perversas. É difícil aceitar a dessacralização da imagem imaculada da figura materna e reconhecer que têm mães malignas, desprovidas de empatia e humanidade. Mães que creem que os maridos, os filhos, os enteados, os netos, os genros ou noras não são importantes o suficiente para discordar de qualquer uma de suas necessidades.
Na psicanálise, os perversos, inclusive as mães, têm um modo de funcionamento psíquico baseado numa estrutura perversa. Essas pessoas não aceitam ser submetidos as leis paternas, jurídicas e as normas sociais.
O cinema é revelador das perversões maternas. No filme de Martin Scorcese, Ginger McKenna (Sharon Stone), mulher de Sam Rothstein (Robert De Niro), amarra a filha na cama para ir a um bar se drogar. O marido, mesmo sendo um mafioso, não aprova atitude de sua mulher.
No longa-metragem com as atrizes Diane Ladd e Laura Dern, que são mãe e filha tanto na vida real quanto em “Coração Selvagem”, do diretor David Lynch.
As semelhanças, porém, acabam aí, pois nada lembra que no mundo fora das telas Diane, que vive o papel de Marietta Fortune no drama tenha pago assassinos para matar o grande amor da vida da filha. Isso depois de suas investidas sexuais terem sido recusadas pelo genro (Nicolas Cage).
As personagens Ginger e Marietta podem existir na vida real? Sim, mas com outras facetas. A sedução maternal são armas psíquicas usadas pelas mães perversas. A força simbólica da gravidez e da maternidade são aproveitadas para se aproximar das pessoas e das famílias com um falso senso de união e afeto. Elementos simbólicos que prendem emocionalmente, a fim de chantagear e tirar vantagens dos membros da família.
Essas mães recorrem para diversas formas de interação com peso emocional, como a incitação sexual, o choro, as supostas doenças e sofrimentos, a dependência financeira, que influenciam de modo dominante no relacionamento, sobretudo, com os maridos e os filhos. Essas situações são frequentes para satisfazer as necessidades narcísicas dessas mães, gerando mal-estar na família e conflitos no casamento dos filhos.
Os adultos que foram criados por esse tipo de mães sofrem no ponto de vista moral e psíquico, possuindo marcas dolorosas que se manifestam na alma e no corpo. Esses filhos têm dificuldades de expressar seus sentimentos ou tomar decisões na vida. Eles podem ter problemas para dizer não aos relacionamentos abusivos, principalmente dizer não as pessoas autoritárias, que lembram a figura materna. Então, podemos imaginar os danos ao desenvolvimento das crianças – que estão sendo criadas por mães perversas.
Imagem de capa: Evgeny Atamanenko/Shutterstock
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