Marcel Camargo

Mais vale uma panqueca com gente verdadeira do que um caviar com gente interesseira

Infelizmente, muitos de nós acabamos deixando de lado pessoas verdadeiras, que gostam da gente sem senões, enquanto buscamos criar amizades com quem não nos enxerga direito, com quem não deposita nada nas pessoas, apenas dinheiro na própria conta.

O contexto em que vivemos, cujos valores estão distorcidos, haja vista a supervalorização de tudo o que é exterior e consumível, muitas vezes acaba por enganar a nossa essência gregária. Somos sentimentos, para muito além do que os olhos podem ver, para muito além do que o dinheiro pode comprar. Infelizmente, por conta disso, muitos pautam suas vidas naquilo que é tão somente material.

Nesse ritmo consumista, torna-se comum às pessoas procurarem se aproximar de quem possa lhes oferecer retorno material, atrelando-se a felicidade ao poder de compra, como se mais felizes fôssemos quanto mais pudéssemos gastar nos shoppings da vida. Sim, a riqueza é atraente e traz popularidade e visibilidade social a quem a possui – tem gente que vive de ser rica. E então passamos a desejar aquilo tudo, tentando nos aproximar de quem é bem de vida.

Infelizmente, nesse percurso que se vale tão somente de atributos monetários, não há lugar para ninguém que não tenha grana para gastar, mesmo que esse alguém tenha um monte de coisas a oferecer, em termos de sabedoria, de acolhimento e de afeição sincera. E é assim que muitos de nós acabamos deixando de lado pessoas verdadeiras, que gostam de nós sem senões, enquanto buscamos criar amizades com quem não nos enxerga direito, com quem não deposita nada nas pessoas, apenas dinheiro na própria conta.

Na verdade, ninguém pode negar o quanto passar um tempo junto a pessoas simples e verdadeiras é gostoso e revigorante. O prazer que sentimos com o acolhimento sincero de quem quer que seja dispensa luxos ao redor, porque então estaremos confortando a alma, estaremos bem, viveremos o que é de verdade – e isso não há dinheiro que compre ou pague. Não se nega que o conforto material é muito gostoso, mas o conforto do coração é o que sempre alimentará a nossa grandeza de ser humano.

Perdemos tanto tempo correndo atrás de gente que jamais será capaz de nos retornar um mínimo de nada, tão ocupadas que estão com si mesmas. Perdemos tanto tempo lamentando a falta de dinheiro para comprar o que achamos faltar em nossas vidas. Na verdade, a gente tem é que ficar junto a quem nos olha por dentro, porque tudo o mais um dia acaba, mas a nossa alma não.

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.

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