Você já deu todos os sinais de que está morrendo de amores por alguém, mas esse alguém não percebe. Você já ligou para perguntar qualquer bobagem. Arranjou as desculpas mais esfarrapadas para estar ao lado dele, mas ele parece que não percebe o quanto você o ama.
Então você resolve que é chegada a hora de se declarar. Que vai dizer tudo que sente. Que não aguenta mais essa situação angustiante. Que vai resolver toda essa história.
Sem demora você marca de encontrar esse alguém e resolve colocar o pingo em todos os “is”. Resolve dizer que está louca de amores por ele. Que pensa nele em todos os momentos do seu dia.
E ele te olha com um olhar angustiado, um olhar pesaroso de alguém que já sabia disso, mas que não queria saber.
Ele te olha com um olhar cheio de tristeza e inquietação, pois não a ama como você gostaria e você o obriga a dizer com todas as letras que você é muito especial, mas que é para ele apenas uma colega.
Talvez vocês não tenham tido tempo suficiente juntos para que ele pudesse te pensar de outra forma.
Então você volta para casa desolada. Se tranca no quarto, chora litros e fica se perguntando onde errou. O que fez para não ter o amor daquele que esteve em seus pensamentos nos últimos tempos. Fica procurando quais defeitos seus são tão sérios para que no amor as coisas nunca saiam como você sonha.
Ouso dizer aqui que a razão para esses amores não darem em nada, quase sempre, está na falta de intimidade.
Vivemos dias corridos. Dias cheios de pessoas indiferentes, cheios de planos e afazeres. Vivemos tempos nos quais nossa vida particular é escancarada nas redes sociais, mas bem pouco sabemos sobre intimidade.
Pensamos, erroneamente, que intimidade tem a ver com estar nu com um outro entre quatro paredes. Mas apenas isso não indica haver intimidade entre duas pessoas.
A intimidade existe quando podemos ser exatamente quem somos junto do outro, sem ensaios ou expectativas. Quando passamos tempo suficiente ao lado de alguém para poder falar pelos cotovelos ou calar sem que isso mude o que essa pessoa sente por nós. Pelo contrário. Quando temos intimidade com alguém conversamos de forma desprendida e animada por horas. Tecemos com esse alguém, no tempo comum que nos cabe, uma empatia e admiração sobre-humana. Sentimos a necessidade de partilhar tudo que somos.
Se o outro te ama ela vai saber ler no teu olhar tudo o que você sente por ele. Se o outro te ama, tanto quanto você o ama, ele dará um jeito de estar junto. Ele encontrará soluções para diminuir as distâncias. Ele terá entendido na forma como você age o que você sente por ele. Ele terá lido na forma como você vive, o carinho e respeito que você tem por ele.
Se você ama alguém, não se declare achando que suas palavras irão preencher o espaço que apenas a intimidade sincera entre duas pessoas pode ocupar.
Se você o ama e ele também, fique sossegada, as coisas vão acontecer naturalmente e ele vai te amar do jeitinho que você é.
Se não for assim, não era para ser. Siga em frente e ame mais através de olhares demorados e sorrisos abafados e menos através de palavras.
Fale de amor não para convencer ou justificar, mas para reafirmar o que é inegável para quem um dia parou e te observou demorado.
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Atribuição da imagem: pexels.com – CC0 Public Domain
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