A melhor idade é a que temos

A passagem do tempo nos faz tremer e nos maravilha. Nos deixa embasbacados e estarrecidos. O problema é que temos a tendência de quase sempre ver a idade como declínio, o fim da ladeira, como algo ruim. Mas, vira e mexe acabamos conhecendo algumas histórias inspiradoras de pessoas com mais 70, 80 anos que continuam a dar tudo de si para fazerem de suas vidas o melhor que elas podem ser.

Quantas pessoas dizem ao terminar de ler essas histórias: “quando eu envelhecer, também quero ser assim”. Mas por que apenas quando envelhecer? Por que você não pode ser exatamente isso que quer ser, e quem sabe até um pouco mais, agora mesmo?

É que para muitos, viver uma boa velhice pressupõe espera. Não é bem assim. Ninguém sabe quanto tempo ainda tem. Nem seu vidente, sua terapeuta, seu melhor amigo. Ninguém. A qualquer momento nosso relógio pode simplesmente parar de tiquetaquear.

E o que vamos ter feito até este último momento é o que verdadeiramente conta. Escrever um livro, plantar uma árvore e ter um filho são coisas que muita gente considera imprescindível fazer. Mas ninguém sabe se é realmente isso, se serve pra todo mundo. Somos muitos e somos muito diferentes. Somos únicos.

Tem quem vá preferir, sei lá, escalar uma montanha, dar a volta ao mundo, encontrar um amor, construir um prédio, saltar de paraquedas, ter 8 filhos e andar com todos eles e com a esposa em uma bicicleta de cestinha numa rua da zona rural da Galícia (por que não?). Não é o tamanho do gesto que conta, e sim o seu significado.

O que quer que façamos agora irá refletir no futuro, da mesma forma que aquilo que fizemos no passado se reflete no que somos hoje. Estamos sempre em vias de ser. Não há como descolar os senhores ou senhoras que seremos daqui a 30, 40 anos daquilo que somos agora, neste exato momento.

Será que não vale a pena arriscar de vez em quando? Desafiar a si mesmo, ir mais longe, viver tudo o que há pra viver e se permitir, como cantou Lulu Santos naquela imortal canção?

A vida, meus amigos, é breve. Seja pra quem tem 20 ou 90 anos. Por isso, não desperdice a sua esperando a tinta do tempo tingir os seus cabelos para começar a fazer o que você realmente quer.

Temos que começar a construir hoje os velhinhos simpáticos que seremos amanhã.

Imagem de capa:  Aleutie /shutterstock







Editor, escritor e jornalista.