Por Marcela Alice Bianco
Dentro da rotina agitada e repleta de tarefas e exigências do dia a dia, tem muita gente que está reservando um tempinho para pintar e se expressar através dos livros para colorir, que alías, tem virado uma verdadeira febre entre os adultos.
São jardins, florestas, mandalas e tantos outros desenhos que permitem o relaxamento e a criatividade. Os mesmos desenhos ganham tonalidades, combinações e versões diferentes para cada olhar e mão que rege o lápis de cor.
Assim, as pessoas se percebem desatando os nós da ansiedade, da preocupação, do estresse e se deslocam para um novo mundo, o próprio universo interior. Um verdadeiro resgate da nossa criança interna, que numa versão adulta e suportada na coletividade pode novamente adentrar no mundo do lúdico, do mágico e da imaginação.
E como faz a criança em idade escolar, nós adultos podemos voltar a treinar nossas mais diversas habilidades e capacidades pessoais.
A cada expressão artística precisamos definir as cores que farão a combinação desejada e, assim, exercitamos nossa capacidade de julgamento, de escolha e nossa visão ampliada do objetivo proposto, que, por sua vez, nos permite a previsão de onde queremos chegar.
Precisamos pensar no traçado e na força do lápis que iremos empregar e, com isso, treinamos a leveza e a delicadeza ou a força e a firmeza diante de si e do mundo.
Tomamos o cuidado para respeitar as margens, para não deixar que uma parte transborde sobre a outra e, deste modo, testamos nossos limites internos e externos. Fazemos o exercício do que está dentro e fora de nós. Aprendemos a ser cuidadosos e a fazer algo com esmero e precisão.
Escolhemos gravuras mais detalhada ou mais expansivas e, com isso, podemos identificar como anda nosso próprio humor. Se estamos mais abertos ou fechados, mas calmos ou irritados, mais serenos ou agitados.
Trabalhamos com afinco e energia até que alcançamos o resultado final. Desta forma, treinamos nosso foco e determinação. A sermos persistentes e não deixarmos para trás questões inacabadas ou assuntos mal resolvidos.
A cada trabalho terminado é possível testar algo novo, se abrir para novas combinações e materiais e, por essa via, criamos também novos caminhos mentais em nosso cérebro e espaço para condutas mais criativas no cotidiano.
Nada mais gratificante do que ver a gravura terminada e, com isso, elevarmos nossa alma com autoestima e com a sensação de que somos capazes de criar verdadeiras obras-primas a partir de nós mesmos.
Fica claro que os livros para colorir chegaram como um poderoso recurso terapêutico para nós adultos. Eles não substituem um tratamento psicoterápico, médico ou de terapia ocupacional quando indicado, mas abrem o rol de possibilidades que podemos ter as mãos para exercitarmos nossa criatividade, relaxar e apaziguar a alma em momentos de estresse e agitação.
E neste caminho de autodescoberta, há os que tem se arriscado a desenhar suas próprias florestas e mandalas, dando vazão às formas que preenchem seu Ser. Indo além das cores e dos traços e mergulhando nos verdadeiros jardins secretos da alma!
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