Se for para ajudar a enfrentar, consolar um pouco, encorajar, dar uma força, tudo bem.
Cada um se segura e se pendura na desculpa que prefere, porque afinal de contas, há horas em que a coisa fica realmente complicada.
A verdade é áspera quando vem de encontro, e suave quando a perseguimos. Depende do lado do espelho, da face da moeda, de poder ou obedecer.
Mas inegável é que a verdade não negocia. É e pronto!
Aceitar uma verdade como legítima é libertar um monte de recursos fantasiosos, é entrar em contato com o inflexível, com o que não é possível manipular.
Mas, teimosos que somos, insistimos em tentar dissuadir a verdade. Colorimos, maquiamos, inventamos traços e estilos únicos para o cenário metafórico que preferimos para viver, pensando estar enganando a verdade.
Aceitar duras verdades nos liberta, muda o fuso da vida, nos tira um fardo pesado das costas. A dor é só da hora, do momento. Depois suaviza, acostuma, entra na rotina.
Fugir das verdades, contar uma vida que não existe, para si e a para o mundo, não ameniza as verdades que se carrega, nem tampouco as que foram deixadas ao longo do caminho. Elas voltam, elas nos encontram na curva do tempo, nos pegam desprevenidos, vulneráveis, distraídos.
Verdade é matemática, é incontrolável, indomável, espontânea. Boa ou ruim, favorável ou prejudicial, é a verdade. E verdade é o que sempre queremos do outro, das coisas, da vida. Mas oferecemos a mesma verdade em troca? Verdade é sinceridade. Mas mentimos mais do que podemos controlar. E mesmo assim não aceitamos menos do que a verdade.
Verdade ou não, a verdade é que cada um deseja sempre ter a sua própria verdade, mas, de verdade, não há verdade criada, inventada, manejada. A vida é verdade até prova em contrário.