Meu nome é existir

Imagem de capa: Rawpixel.com/shutterstock

Então chega a segunda-feira. No cafezinho, a colega conta que a viagem com o noivo foi 10, ruim mesmo só a fila no aeroporto. O chefe diz que passou o domingão no sofá, ele e a mulher botaram em dia a pipoca e os capítulos atrasados do Homeland. O estagiário, deixando a timidez de lado, confidencia que conheceu uma garota especial na balada. E o que o colega gay e a colega lésbica contam? Nada.

Você se pergunta: O que eu tenho a ver com isso? Talvez bem mais do que imagine, uma vez que a socialização está intimamente relacionada com a inclusão e o acolhimento das diferenças. Se a colega lésbica e o colega gay sentirem que são respeitados na sua orientação sexual, estarão à vontade para compartilhar suas histórias de afeto.

A colega lésbica poderá contar que planeja comprar um apartamento com a sua companheira. Quem sabe o colega gay revele que pretende, junto com o parceiro, adotar uma criança. Uma coisa é certa: você descobrirá que a vida dos gays é igualzinha a sua. Que as alegrias e dificuldades dos relacionamentos afetivos só mudam de endereço.

Tem muita gente que se incomoda em trabalhar com colegas homossexuais. Tem medo que a coisa seja contagiosa. A advogada e ex-desembargadora Maria Berenice Dias, especialista em Direito Homo-afetivo, conta que alguns advogados fazem piadinhas. Entre elas: Quem for no escritório da Maria Berenice sai casado com uma pessoa do mesmo sexo.

Se o colega em questão for uma travesti, aí o mundo vem precipício abaixo. Por que como alguém pode ousar trocar o sexo de nascimento? Pois é, não só pode como faz. Analise, cada um pode se inventar à vontade. Tem gente que põe piercing na língua, tatuagem na testa, camundongo dentro da sala. E daí?

Pense bem: gostar de pessoas do mesmo sexo é tão legítimo quanto gostar de pessoas do sexo oposto. É uma diferença, não um problema. As estatísticas apontam que 10% da população mundial é homossexual. Quer dizer, para cada um milhão, cem mil. A orientação sexual não tem nada a ver com o caráter (ou a falta dele), com a competência (ou a incompetência) de cada qual.

Incluir e acolher a diversidade na nossa vida não é só questão de justiça e de respeito ao outro. É ação inteligente: quanto mais diversidade, maior a criatividade e a inovação. Basta comparar com as cidades. Quanto mais diversa, mais rica, mais cheia de possibilidades. Quanto mais fechada, mais monocromática e deprimida.

Fernanda Pompeu

Fernanda Pompeu é escritora especializada na produção de textos para a internet. Seu gênero preferencial é a crônica. Ela também ministra aulas, palestras e workshops de escrita criativa e aplicada. Está muito entusiasmada em participar do CONTI outra, artes e afins.

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