É gente que fala que você não pode desmoronar, que você não pode desistir, que você precisa ser forte o tempo todo. Não, isso não existe comigo. Eu aceito o meu lado vulnerável.
Eu tenho esse direito de hesitar, de querer mudar o meu caminho, de imaginar e buscar algo ou alguém diferente de quem sou hoje ou de quem eu estou hoje. Eu não tenho a obrigação de ser essa fortaleza emocional que o mundo me impõe, ainda que seja completamen normal na vida de muitas pessoas. Mas eu não posso admitir algo assim. Não mais. Me faz mal, me engasga, me tranca o peito não poder chorar quando quero, pedir colo quando sinto vontade, gritar por ajuda quando mais me encontro sem forças.
Ter um lado vulnerável não faz de mim alguém com defeito, mas alguém com muita coragem. E ter coragem hoje em dia não está fácil, você sabe muito bem. Então não ligo se o meu emocional enfraquece ou fica desgastado às vezes. Eu mereço poder compartilhar comigo ou com quem quer seja esses momentos não tão bons. Quem quiser me estender a mão, me colocar o ombro pra repousar, tudo bem. Quem não quiser, fazer o quê? Fingir que está tudo bem? Nunca mais.
Eu prefiro ser essa honestidade que desequilibra de vez em quando do que achar que sou uma certeza de amadurecimento e saúde emocional. Já acreditei muito nisso. Hoje, não mais.
Eu posso sim sangrar, deitar em posição fetal em cima da minha cama, me perder em litros de filmes e músicas tristes. A chamada fossa de antigamente também pode ser uma forma do meu coração aceitar com humildade que eu não preciso saber ou sentir de tudo. Que eu posso ser no fundo, um pouquinho de cada sentimento.
Eu tenho orgulho de me olhar no espelho e reconhecer quem eu vejo no reflexo. Tenho e tento ser a minha melhor versão sempre, claro. Mas lá, bem lá no cantinho, eu me permito também os meus instantes de desinteresse, de falta de vontade.
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