Lição de vida

Morre jornalista Rafael Henzel, um dos únicos sobreviventes da tragédia com avião da Chapecoense

Nós nunca sabemos quantos dias a mais teremos nessa jornada. Rafael teve 849.

Abaixo, leiam a homenagem publicada hoje pelo site Uol Esportes, sintetizando a jornada de Rafael de forma poética e amorosa.

“Em seu perfil no twitter, o jornalista Rafael Henzel apresentava duas datas de nascimento. A primeira delas, 25 de agosto de 1973, foi quando deixou o ventre da mãe, dona Lídia, em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, para se aventurar no mundo, no futebol e no jornalismo. A segunda, 29 de novembro de 2016, marca o dia em que o vôo LaMia 2933 caiu em Cerro El Gordo, na Colômbia. Henzel foi um dos seis sobreviventes da tragédia que matou 71 pessoas, entre colegas de profissão, dirigentes, jogadores e funcionários da Chapecoense e tripulantes. Dois nascimentos que ilustram duas vidas. A primeira, até o acidente, como um jornalista apaixonado por futebol e pela Chapecoense, fazendo o o que gostava. A segunda, como um exemplo de superação, viajante pelo mundo e embaixador do clube. Abaixo das duas datas na rede social, Rafael oferecia um contato para palestras nas quais falava sobre o novo valor que enxergava na vida depois de quase tê-la deixado. Nesta terça-feira, 26 de março, a segunda vida de Rafael Henzel teve um inesperado fim. Oficialmente, após 45 anos. Mas sua segunda vida teve 27 meses e 27 dias de vida. Nesse período, fez a narração da histórica estreia da Chapecoense na Libertadores em 2017. Apareceu em jogo da seleção brasileira ao lado de Galvão Bueno. Deu palestras e trabalhou muito. Henzel teve um infarto fulminante durante uma partida de futebol com amigos. Foi levado às pressas ao hospital, mas não resistiu. Se despediu vestindo chuteiras, dentro das quatro linhas, acompanhado da paixão que marcou sua vida, seu renascimento e, agora, sua morte.” (Uol Esporte)

“Nos dois anos e meio após o acidente, Henzel esteve envolvido em diversos projetos sobre a queda do voo. Na semana passada, ele esteve na Europa para participar de dois festivais de cinema, que apresentaram o documentário Nossa Chape. Além disso, também escreveu Viva Como Se Estivesse de Partida, livro sobre a sua relação com a tragédia aérea, que deixou 71 mortos.”, relatou o jornalista Matheus Simoni para o Gaucha ZH

Talvez Rafael tenha vivido uma espécie de “hora extra” na terra, nunca saberemos exatamente. Sabemos, entretanto, que ele teve a oportunidade de resignificar sua existência e seu amor a família.  E, nos parece, esse fez isso com excelência!

Vá em paz, Rafael.

***

Imagem de capa Foto : Divulgação/ACF

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