Movimento pela desaceleracao da rotina das crianças

Por Pamela Greco

Há algum tempo venho conversando com os pais dos meus alunos sobre a velocidade de suas vidas, sobre suas rotinas desgastantes, sobre o número de atividades que a criançada tem e todas as responsabilidades que têm sido obrigadas a assumir.

Temos discutido bastante o quanto isso é ou não saudável, agradável e o quanto isso tem afetado o bem-estar. Veja, na verdade eu poderia nem estar falando só dos filhos, mas dos pais também.

A tecnologia favoreceu e facilitou nossa comunicação e acesso à informação (e tudo mais que se queira). Mas também nos colocou na pista, meio embriagados, a 220 km por hora. É óbvio que nossos filhos sofreriam os reflexos disso.

Estamos cada vez mais cansados, mais estressados, nos alimentando mais rápido e com menos qualidade, vivendo mais rápido e possivelmente sem aproveitar bons momentos.

E as crianças?

Ela tem Ballet de terça e quinta, inglês de segunda e quarta, natação de sábado de manhã, aula de teclado e canto e teatro e… Ela tem escola e tarefas de casa. Ela tem dificuldades na escola. Ufa!

Bom, fazemos uma confusão danada sobre o que é oferecer uma formação completa para os nossos filhos. Pensamos em dar tudo que não tivemos, e por vezes até achamos que estamos ampliando todas as possibilidades profissionais deles.  Achamos que eles estão se divertindo, mas eles estão cansados, impacientes, irritadiços, agitados, pouco atentos e com pressa.

E que professor, escola, mãe ou pai não tem percebido isso?

Além disso, trabalhamos 44 horas semanais e, portanto precisamos mantê-los ocupados.

Que tal um novo estilo? Vamos pensar nisso?

Não está ao alcance de todos nós (ou pelo menos não parece estar), adultos, uma escolha por um trabalho mais flexível ou por uma carga horária menor. Mas precisamos cuidar mais de nós e desacelerar se for preciso. Precisamos ouvir mais o que nosso corpo cansado e mentes cheias estão dizendo. Eu poderia escrever muito sobre isso, mas sei que estão esperando a parte prática no cuidado com as crianças. Só gostaria de pedir que pensem em se cuidar mais, ok? Vocês merecem!

Para as nossas crianças: Simplicidade!

  • Simplifiquem os brinquedos e diminuam a quantidade: Que tal pular corda? Cansa a criançada, exercita e diverte. Deixe-os desenhar, brincar no playground do condomínio ou no quintal e jardim de casa. Já brincaram de elefante colorido? É super divertido e precisa de…nada na verdade!  Logo coloco um post explicando a brincadeira.
  • Conversem durante o jantar. – Clichê, mas vale a dica. Desligue a TV, o celular, o iPad, o facebook e etc. Conecte-se com o seu filho, comam devagar.
  • Leia antes de dormir. – Além de exercitar e incentivar a leitura, aproxima vocês e cria um ritual ou um vínculo.
  • Corte as atividades excessivas. Diminua as cobranças. O ócio também é necessário e positivo, ao contrário do que se tem dito.  Se quiser, me mande a agenda de atividades do seu filho e podemos pensar juntos!  Deixe-os ficar um pouco com a avó, a tia que mima, o tio brincalhão que morre de saudade…
  • Tente fazer pelo menos uma atividade ao ar livre durante o fim de semana: Um playground, um parque na cidade, um bosque, uma praça… Enfim, o que sua cidade lhe ofertar (embora eu saiba que não são tantas, quantas gostaríamos, as opções na nossa cidade).

Para saber mais:

Semana passada o blog Mães Amigas, , postou uma matéria interessante comentando o assunto e ensinando a criançada a fazer alguns brinquedos mais simples. Isso se encaixa bem no primeiro item das nossas práticas. Vale dar uma olhada.

Além disso, pra quem quiser saber mais ainda sobre o assunto, há um autor conceituado dos EUA, chamado Kim John Payne, que por acaso é conselheiro familiar e que é um estudioso do tema. Segundo ele “Conforme a vida acelera pra hipervelocidade – com muitas coisas, muitas escolhas, e pouco tempo – as crianças sentem a pressão. Eles se tornam ansiosos, tem problemas com amigos e escola, ou são ainda diagnosticados com problemas de comportamento. Agora, em defesa do extraordinário poder do menos”.  Simplicity Parenting

Fonte: Pais que educam

Acho que todos nós precisamos dessa desaceleração, não acham?

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