Podem até dizer que serão amigos a vida toda, que se amarão em qualquer situação, que é para sempre, mas poucos sobrevivem às turbulências, à ausência de conforto e de dinheiro. Porque o que se diz na bonança raramente se sustenta na tempestade.
Hoje, pouco se valoriza o que somos, como nos comportamos, nosso valores e princípios, nossas atitudes para com o próximo, mas sim o quanto consumimos. O que importa é o poder de compra de cada um, a despeito dos meios que se utilizam para a obtenção daquilo que se quer. Quanto mais moderno for o seu celular, quanto mais possante for o seu carro, quanto mais carimbado for seu passaporte, quanto mais grifes suas vestimentas ostentarem, mais gente você se torna perante a sociedade.
Nada mais tem durabilidade, nem objetos, nem sentimentos. Antigamente, as coisas eram feitas para durar, a afetividade contava muito, para além das aparências. Nossos pais se gabavam por possuírem, durante toda a vida, os presentes de casamento: as camas, os móveis, a louça, os talheres, o enxoval, tudo permanecia na casa por anos e anos. Geladeiras, fogões, televisões, armários, entre outros, faziam parte do patrimônio familiar, inclusive por mais de uma geração.
As pessoas costumavam mandar consertar o que quebrava, porque a qualidade dos produtos valia a pena – até mesmo o ferro de passar roupa era levado para reparos. Hoje, pelo contrário, não se conserta quase nada, joga-se fora e compra-se outro. Substituem-se utensílios, objetos, móveis, eletrodomésticos. Substituem-se casas, carros, terrenos, brinquedos. Substituem-se sonhos, afetos, sentimentos. Substituem-se pessoas.
Nesse contexto em que os bens materiais são supervalorizados, em detrimento do bem que cada um carrega dentro de si, cada vez mais as pessoas se apegam às aparências. O mundo virtual das redes sociais torna essa sistemática ainda mais forte, haja vista a necessidade de se postarem fotos de felicidade inconteste e check-ins em restaurantes badalados e em aeroportos internacionais. Com isso, a felicidade vai se tornando algo que somente se consegue quando se está rodeado de luxo e de conforto material.
Por essa razão é que tudo o que carregamos dentro de nós, nossas verdades e sonhos de vida, parecem não valer muito aos outros. Somos interessantes apenas enquanto oferecemos algo para que o outro possa desfrutar de alguma forma. A partir do momento em que nada pudermos oferecer além do que somos enquanto pessoa, deixamos de existir para a maioria dos indivíduos. Quem fica porque gosta de nossa presença é quem nos ama de verdade, porque o restante não mantém afeto, não mantém sentimento, não mantém palavra alguma.
Podem até dizer que serão amigos a vida toda, que se amarão em qualquer situação, que é para sempre, mas poucos sobrevivem às turbulências, à ausência de conforto e de dinheiro. Porque o que se diz na bonança raramente se sustenta na tempestade. Infelizmente.
Imagem de capa: Ivanko80/shutterstock
A ex-dançarina do 'É o Tchan' resolveu remover o ácido hialurônico aplicado em seu rosto…
O icônico poste listrado giratório presente na entrada das barbearias carrega um simbolismo que poucos…
Uma série perfeita para maratonar em um fim de semana, com uma taça de vinho…
Alerta Lobo ( Le Chant du Loup , 2019) é um thriller tenso e envolvente…
Uma nova atração turística promete movimentar o turismo nas divisas entre o Rio de Janeiro…
O Detran de Goiás (Detran-GO) divulgou uma informação curiosa que tem gerado discussão nas redes…