Mulher não tem que consertar homem, mulher não é oficina de embuste

Em pleno século XXI, ainda perduram algumas ideias tão ultrapassadas, que é difícil, às vezes, vislumbrar avanços significativos em algumas esferas. É o caso, por exemplo, de certos papéis relegados às mulheres, os quais não condizem em nada com o que ela deve ser ou fazer. Exemplos disso são os estereótipos que há tempos ilustram essas visões ultrapassadas.

Rainha do lar, por quê? Casa não é castelo, nem reino. Não há mais obrigação nenhuma de a mulher tomar para si as tarefas domésticas, enquanto o marido assiste ao noticiário. Amor é cumplicidade, troca, ajuda mútua, ou seja, quando o parceiro ajuda nas tarefas do lar, não faz mais nada do que obrigação. Ninguém tem que se gabar de ajudar a mulher em casa, afinal, trata-se tão somente de assumir o que cabe a ambos, na mesma medida.

E quando dizem que por trás de todo grande homem existe uma grande mulher? Que cabimento tem isso? Oras, mulher fica ao lado, à frente, fica onde ela quiser. Atrás é que não fica mais, não. Hoje, principalmente, com a mulher se destacando em todos os espaços que existem, essa frase não tem mais sentido algum. Aliás, essa frase tem que mofar lá no passado, junto com o machismo.

É por essas e outras que acabam colocando sobre a mulher responsabilidades que não são dela. Se, antes, ela parecia estar relegada a um segundo plano, sacrificando-se pelos filhos, pelo casamento, pela família, hoje isso não tem mais coerência – se bem que nunca teve. A mulher também tem que pensar em si, valorizar-se, lutar por direitos, resguardar-se de todo um ideário que cheira a mofo e que ainda teimam em lançar contra ela.

E chega de ficar ouvindo que uma boa mulher coloca o homem nos eixos. A mulher não tem responsabilidade alguma sobre o homem. Esse papo de que mulher conserta parceiro coloca nela um peso que não lhe cabe. Mulher não é clínica de reabilitação, é uma das partes de um relacionamento em que um ajuda o outro, mas cada um colhe de acordo com o que plantou. Homem que quer sua mulher fazendo o papel de sua mãe precisa é de terapia. Ele que lute. E ponto.

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Photo by Andrea Piacquadio from Pexels

Texto originalmente publicado em Prof Marcel Camargo







"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.