“Na verdade, a dor é apenas uma parte do caminho, mas não o fim dele.”

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Três anos atrás tive este diálogo com o tatuador Lucas:

– Lucas, como você lida com a dor da tattoo? Porque você tem muitas e tem que lidar com a dor alheia também…

– No começo eu sofria mais. Mas hoje aprendi a não pensar nela. Não foco na dor, mas sim no que quero que é a tatuagem. Na verdade, a dor é apenas uma parte do caminho, mas não o fim dele.

– Nossa! Isso que você falou pode ser usado para qualquer dor da vida, você já se deu conta disso?

– Claro que sim!

Realmente a dor, física ou emocional, é relativa. Estava no estúdio para furar pela quinta vez meu nariz, e, desta vez, com o Lucas. Para a nossa surpresa, não escorreu nenhuma lágrima. Normalmente, do mesmo lado do rosto onde a narina é furada, escorre uma lágrima involuntária. Não sei porque, com ele e após nosso diálogo, não escorreu. Todos que estavam presentes no estúdio ficaram impressionados, e eu também, afinal, mesmo com mestrado no assunto, eu esperava pela lágrima.

Passados dias, refleti que talvez a ausência de lágrima representava a cura de muitas dores que tenho vivido nos últimos anos. Apesar de eu aparentar certa tranquilidade, ser extremamente extrovertida e comunicativa socialmente, dentro de mim, por muito tempo, eu carreguei um vulcão. Este vulcão vivia à mercê de eventos externos, portanto, por anos seguidos, eu já acordava tensa, aguardando algum acontecimento para ver aquelas larvas transbordarem e arderem dentro de mim.

Por isso, no meu processo de autoconhecimento, a meditação e o conceito mindfulness foram essenciais para eu despertar para o momento presente e não me deixar levar tão intensamente pelo poder das dores emocionais. Depois, mantendo yoga e meditação, também estudei por um ano e meio filosofia tântrica. Suas experiência me levaram para uma viagem interna muito mais profunda, onde a aceitação e integração de sombras, certamente foi o caminho mais doloroso que já percorri.

Mais recentemente, a minha grande descoberta foi o reiki onde experiencio, diariamente, a tranquilidade interna. Cultivando diariamente, hoje, reconheço o inferno que eu vivia e nem sabia.

Dores emocionais, padrões mentais e ego (muito ego) que alimentavam meu corpo e alma de sofrimento. A dor é relativa, mas para conseguirmos alterar este padrão é necessário não nos identificarmos com ela. Esta consciência só se adquire com prática e muita limpeza interna. Mas, como disse Lucas de forma simples e sábia: “Na verdade, a dor é apenas uma parte do caminho, mas não o fim dele.”







Helena é jornalista de formação e escritora por intuição. Em 2015 publicou seu primeiro livro "O Mundo é das Bem-Amadas" que trata sobre o amor-próprio e a reconexão com o sentir e intuir. O autoconhecimento é sua grande paixão e no instagram @asbemamadas ela compartilha mais sobre seus trabalhos com o universo feminino.