Nada é eterno, mas aquilo de que cuidamos dura mais

Talvez poucos de nós saibamos lidar com a brevidade das coisas, das pessoas, dos momentos, dos sentimentos. Nada dura para sempre, a não ser os registros deixados em escritos, em fotos, em meios virtuais. Hoje já não é mais ontem, tampouco será igual ao amanhã. Tudo muda, tudo tem fim, tudo acaba.

Momentos são instantes que duram o tempo exato do quanto os aproveitamos. Esperamos avidamente por um evento e, quando percebemos, pronto, já acabou. Uma festa, um aniversário, um café da tarde, um churrasco, todos são momentos que rapidamente terão fim. Cabe-nos aproveitar o máximo enquanto ali estivermos, dentro do instante, junto com quem amamos.

Sentimentos também podem durar pouco, com exceção do amor verdadeiro, que dura uma eternidade. No entanto, o amor pode acabar, assim como a motivação, o carinho, a necessidade, a oportunidade do perdão. Há sentimento enquanto há volta, retorno, reciprocidade. Quando, contudo, o sentimento só mora na gente, ou quando o outro decepciona e sequer corresponde ao que oferecemos, tudo morre, aos poucos ou de repente.

As pessoas, da mesma forma, não são eternas – quem nos dera que assim fossem. A vida tem seu ciclo e chega ao fim, às vezes serenamente, outras vezes repentina e dolorosamente. A presença das pessoas em nossas vidas também não é uma certeza perene. O outro vai embora, seja por um chamado da vida dele, seja por novos caminhos tomados na direção oposta, seja por erros de um, do outro ou de ambos.

Se nada nem ninguém dura para sempre, tenhamos nós a sabedoria de cuidar do que nos faz bem, de quem nos ama, de tudo o que traz alegria para nossos corações. Aproveite cada momento, diga “eu te amo”, demonstre o quanto se importa, faça com que o outro se sinta amado, abrace, beije, fique junto. Aquilo de que cuidamos dura mais, aquilo que regamos floresce, aquilo que aproveitamos com verdade será eterno dentro de cada um de nós. É isso que importa.

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Imagem de capa: Pexels

Texto publicado originalmente em Prof Marcel Camargo







"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.