Tem aqueles dias que você abre os olhos pela manhã e parece que o vento trouxe boas novas. Você senta na sua cama e uma alegria insuspeita e solta brota em algum lugar lá dentro, fazendo você acreditar que esse será O DIA!
E essas levezas súbitas no peito acontecem assim mesmo, desse jeitinho, sem que as tenhamos planejado, sem que as tenhamos desejado na noite anterior, antes de dormir, sem que seja possível controlá-las.
E quer saber? A gente precisa é perder esse hábito azedo de ficar questionando as coisas boas que tão raramente aparecem assim, de graça, de repente, de surpresa. A gente precisa arranjar algum jeito de passar pelos dias, semanas ou períodos difíceis e escuros, sem fazer deles uma espécie de tatuagem que gruda por dentro, incapacitando a gente de se livrar da dor.
Ahhhh, sim! Tem dias que a gente acorda do avesso mesmo. Ou é o mundo que parece invertido. Todo mundo andando de cabeça para baixo e a gente tentando ver algum sentido na nossa história. E esses dias são igualmente inevitáveis e imprevisíveis. E a gente acaba se apegando a eles, porque é da nossa natureza conceder uma carga maior de memória e laço às dores, tristezas e dificuldades.
Acontece que os dias lindos e os dias tenebrosos têm uma coisa em comum: eles passam! Eles acabam! Eles não duram para sempre! E o que vai determinar o impacto deles na nossa alma, é o espaço que decidirmos conceder às suas incursões. Ambos podem ser admitidos como uma visita breve ou um hóspede permanente. A decisão é nossa!
E sabe, não é privilégio seu, ou meu, errar na dose das coisas. Muitos de nós têm mesmo essa queda para o exagero, os desejos desmedidos, o além da conta. Há quem exagere na arrumação, há quem acumule coisas, há quem gaste mais do que ganha, há quem acredite que pessoas possam ser possuídas como objetos, há quem exagere no chocolate, na bebida, na atividade física (sim, isso existe!).
Cada um de nós é que sabe onde é que dói e onde é que é bom ser tocado. E a todo momento somos bombardeados com padrões de comportamento, aparência física ou pretensa normalidade.
E, de verdade, nada em demasia faz bem à alma… Nem juízo! Porque o juízo além do básico, deixa a gente seco e endurecido. Juízo exagerado tira da gente a capacidade de se encantar com a vida, de aceitar as imperfeições, nossas e do outro. Gente cheia de juízo, é também cheia de razão, de ideias encaixotadas e apegos tolos. Juízo é bom, mas perdê-lo de vez em quando é fundamental!
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